Coimbra

Família de Coimbra denuncia burla na habitação. “Queríamos acreditar no nosso sonho”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 8 meses atrás em 04-09-2023

Várias famílias pagaram milhares por moradias que nunca chegaram a “sair do papel”. Os responsáveis pela construção destas habitações estão acusados de enganar dezenas de clientes, mas continuam a abrir novas empresas.

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Paula Queiroz estava grávida quando assinou o contrato para a construção da casa nova. “O meu filho já tem 5 anos e continua sem o seu quartinho. Estamos num apartamento arrendado, muito pequeno para as nossas necessidades, porque não temos forma de mudar”, conta à Sábado, a jovem de Coimbra.

O casal foi apanhado “naquilo que aparenta ser uma burla em pirâmide, que terá feito dezenas de lesados pelo país, originando queixas-crime por burla e falsificação de documentos. Já pagaram 60 mil euros por uma casa que não existe”, refere.

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A empresa em causa é a Lumobras, que também já teve o nome de Vertente Tranquila, e que opera no mercado sob o nome comercial Casa Modelar, outras vezes, Casa Modular.

Em 2017, os jovens conimbricenses celebraram um contrato para o fornecimento de uma moradia T3 em contentores, no valor de 90 mil euros, que deveria ser entregue em seis meses. A licença de construção chegou no início de 2020, mas nos anos que se seguiram a obra pouco avançou. “Durante meses não faziam nada, nós sempre a insistirmos”, conta a mulher. “A maior parte das vezes não atendiam o telefone. Mas sempre que conseguíamos, o João Cardoso [dono e gerente da empresa] era muito cordial e arranjava sempre desculpas.” E prossegue: “Como já tínhamos entregue tanto dinheiro, queríamos acreditar no nosso sonho.”

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Após tanta espera, acabaram por revogar o contrato e nunca conseguiram reaver o dinheiro que reclamam, relativo aos trabalhos não realizados. Entretanto, descobriram que a empresa terá falsificado a assinatura do engenheiro civil nos termos de responsabilidade e no livro de obras. “O engenheiro já não trabalhava na empresa há cerca de um ano e meio e havia assinaturas dele no livro de obra”, menciona Paula.

Segundo a Sábado, que ouviu o referido engenheiro, que pediu para não ser identificado, mas confirmou ter trabalhado na Lumobras até 2020. “Descobriu mais tarde que, já depois de ter deixado a empresa, a sua assinatura terá sido falsificada em livros de obra de vários clientes. Acrescenta que apresentou queixa-crime e que o inquérito está pendente no DIAP de Coimbra”, descreve a notícia.

Paula e o marido avançaram com uma queixa-crime por burla e tomaram conhecimento de vários casos idênticos. O mesmo artigo dá conta de que a empresa angaria novos contratos que não consegue cumprir com o intuito de financiar obras mais antigas. “Estamos sem casa, sem dinheiro, com o empréstimo ao banco, a pagar duas rendas, a casa onde estamos atualmente, e o empréstimo que temos ao banco”, diz.

Entregaram a obra a um novo empreiteiro, mas sem certezas de conseguirem financiar a empreitada até ao fim. O casal vive momentos de aperto, enquanto o empreiteiro que os deixou em dificuldades evidencia uma vida desafogada. “O João anda a passear-se com um carro novo e eu questiono-me se será com o nosso dinheiro”, diz, indignada.

Em 2016, “a empresa chamava-se Rendisphera. O sócio-gerente era Paulo Albuquerque Ferreira, que logo em 2017 transferiu a marca Casa Modelar para uma nova empresa, a Vertente Tranquila. Em 2019, o empresário vendeu a firma ao encarregado geral de obras João Cardoso, seu braço direito, que a rebatizou agora com o nome Lumobras”, especifica a Sábado. 

Catarina Bernardes trabalhou como eletricista durante um ano e meio na Lumobras. Saiu em julho de 2021 por falta de pagamento. À Sábado, garante que durante esse tempo nunca viu uma obra integralmente concluída. “Os clientes pagavam e quando era para avançar para a fase seguinte, ele tinha desviado o dinheiro para outra obra”, conclui.

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