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FAMÍLIA DE ATORES ESTREIA REALITY SHOW

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 15-10-2025

José Raposo e os filhos Miguel e Ricardo estreiam-se hoje juntos no Teatro Variedades, em Lisboa, no espectáculo “Reality show: Os Raposos – 3027”, que balança entre a ficção científica e a memória real de uma família de artistas.

Quem o afirmou foi Miguel Raposo, autor do texto e da encenação da peça cuja ação é projetada para o futuro, mas na qual se misturam passado e presente, ficção científica e memórias reais, num jogo que ora brinca com o ensaio, ora com o próprio teatro, expondo também aspetos pessoais de pai e dos dois filhos artistas.

“Reality show: Os Raposos – 3027” é também um elogio ao teatro, à sua perenidade, com a certeza de que “nunca vai acabar”, porque abre olhos para a realidade, num ato social e cultural que, por isso, é também “altamente político”.

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Este é o espectáculo que há muito os “Raposos desejavam fazer” sobre si próprios, um espectáculo que os reunisse em palco, mas que só agora se concretiza devido à impossibilidade de pai e filhos conciliarem agendas, já que “felizmente, todos trabalham muito”, explicou José Raposo.

Do desejo de colaborarem nasceu “Reality Show: Os Raposos – 3027”, um espetáculo em que José, Miguel e Ricardo Raposo convidam o público a entrar numa partilha intergeracional em que ensaiam, pensam e sentem o teatro, na qual a projeção de imagens tem também um papel fundamental, num palco carregado de história e de memórias para todos.

É o caso de José Raposo, que ao longo da peça aparece em imagens gravadas naquele teatro, como na farsa “Aqui há fantasmas”, escrita e encenada por Henrique Santana e estreada em 1988; e também de Ricardo Raposo que, com apenas dois meses, surge ao colo de José Viana no musical “Grande Noite”, de Filipe La Féria, na noite de fim de ano de 1992.

“Reality show: Os Raposos – 3027” começa com uma pequena peça, “Karaoke”, que Miguel Raposo escrevera para encenar e ser interpretada pelo pai e pelo irmão, e que agora permite um início ‘metateatral’ para logo depois entrar na ficção científica, projetando-se 1002 anos depois da atualidade, ao mesmo tempo que vai intercalando cenas de peças antigas “que foram buscar ao baú”, observou Miguel Raposo.

A ficção científica, da qual Miguel Raposo afirmou “gostar muito”, é, todavia, a linha que vai cerzindo algumas partes do espetáculo, permitindo “jogar com futuros imaginários” ao levantar questões sobre “como é que se faz teatro nos anéis de Saturno” ou como é que a “gravidade de Neptuno afeta a maneira como se diz um texto”.

“Essas loucuras todas” agradam muito a Miguel Raposo. Ao longo da peça misturam muitos factos e cenas reais, como o crescimento de Miguel e Ricardo no teatro e até o de José Raposo “que tem muitos espetáculos gravados no Variedades”, acrescentou Miguel Raposo.

A família, quem é aquela família e de onde veio são também temas do espetáculo, que no final vai “à raiz de tudo”: Maria João Abreu, mãe de Miguel e Ricardo Raposo, “também está presente” na peça, como forma de darem ao público “algo que é profundamente real e deles”.

Ainda que “Reality Show: Os Raposos – 3027” não seja um espetáculo sobre a atriz que morreu em 13 de maio de 2021, aos 57 anos, na sequência de um aneurisma cerebral, é um espetáculo que lhe é “dedicado”, frisa Miguel Raposo, secundado pelo pai e irmão.

“Este espetáculo, não sendo sobre ela, é dedicado a ela e é uma homenagem a ela também, no fim”, enfatizou.

Ricardo Raposo, por seu lado, sublinha que a peça é prova da perenidade do teatro: embora seja “fora do comum”, “espelha muito a visão que o irmão” tem do teatro, aborda temas relacionados com o teatro ao longo do tempo, e leva-o a vaticinar que “o teatro nunca vai acabar”.

“Porque nunca vai deixar de ter temas para se colocar em assembleia com o público e para com os próprios artistas no processo de criação”, argumentou Ricardo Raposo. “Daqui a mil anos provavelmente haverá outros temas também para falarmos e para discutirmos no teatro”.

Questionado pela Lusa sobre se o espetáculo é também político, já que várias falas ao longo da peça qualificam o teatro como um ato político, Miguel Raposo admite que sim.

No final, “o espetáculo é altamente político”, observou, assumindo não terem desvendado essa parte à imprensa.

“Mas existe um momento em que o espetáculo diz: vamos falar sobre realidade e não sobre a nossa realidade, vamos faltar sobre a realidade do teatro e não sobre a realidade dos Raposos”, frisou.

Na realidade do teatro, está incluído “o Parque Mayer e os espaços culturais que neste momento estão a ser desmantelados e vendidos a favor do capital e do capitalismo neoliberal”, concluiu Miguel Raposo.

Com dramaturgia e interpretação de José, Miguel e Ricardo Raposo, “Reality show: Os Raposos – 3027” tem Carolina Ferraz como assistente de encenação, enquanto a cenografia e os figurinos são de Sara Coimbra Loureiro.

O desenho de luz é de Miguel Cruz, a sonoplastia de Ricardo Raposo e o vídeo de Cristina Piedade, numa produção da Culturproject.

O espetáculo fica em cena até 16 de novembro, com sessões de quarta-feira a sábado, às 21:00, e, ao domingo, às 16:00.

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