Portugal

Falta de equipamentos nos Sapadores origina queixa às finanças

Notícias de Coimbra com Lusa | 40 minutos atrás em 12-11-2025

 O Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais apresentou uma queixa à Inspeção -Geral de Finanças (IGF) contra a Câmara de Lisboa, denunciando “falhas graves” na gestão do Regimento de Sapadores, nomeadamente falta de equipamentos de proteção individual, foi hoje divulgado.

“Há bombeiros há quatro anos sem equipamento de proteção individual. Muitos trabalham com fardas em segunda ou terceira mão, sem capacete, sem fato de chuva, sem casaco para o frio, sem lanternas”, queixou-se à agência Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), Sérgio Carvalho.

O responsável explicou que tem vindo nos últimos anos a alertar o Comando do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL) e o município para a “necessidade urgente” de resolver este problema, mas “sem sucesso”.

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“Falta imenso material e o comando do regimento não nos consegue dizer qual é a previsão de entrega do material, nem se vai ter esse material”, apontou.

Sérgio Carvalho explicou que o recurso à IGF se deve ao facto de ser a entidade com competência para fiscalizar a Câmara de Lisboa, embora atribua maior responsabilidade à atuação do comando do RSBL, “nomeado pela autarquia”.

“Se a Câmara estiver descansada não tem problema nenhum se a IGF mandar cá a sua fiscalização e avaliar as condições em que nós estamos de habitabilidade nos quartéis e para trabalhar, e os nossos equipamentos, se são os adequados ou não”, apontou.

No entanto, acusou o atual comando do RSBL de má gestão dos recursos cedidos pela Câmara de Lisboa ao Regimento de Sapadores Bombeiros.

“Há um desnorte total na gestão do regimento, quando a Câmara de Lisboa, e é público nos discursos do senhor presidente da Câmara [Carlos Moedas], fez um investimento brutal no regimento e em vários serviços”, sublinhou.

Numa resposta enviada à Lusa, fonte da Câmara Municipal de Lisboa indicou que “na componente de viaturas e equipamentos houve um investimento de cerca de 8 milhões de euros, capacitando o RSBL para a resposta a situações de elevada complexidade e perigosidade”.

“No que respeita a melhorias das condições de trabalho, ressalva-se que foram realizadas obras no valor de 450 mil euros em diversos quartéis. Foi ainda concluído o processo de concurso público para a aquisição de 300 blusões de abafo e de 230 fatos de chuva para os operacionais do RSBL”, indicou fonte do executivo liderado pelo social-democrata Carlos Moedas.

Além da questão dos equipamentos de proteção individual e das condições de trabalho, o SNBP queixa-se de “falta de transparência e cumprimento de um protocolo celebrado entre o RSBL, a Câmara de Lisboa e o Hospital de Santa Maria.

Este protocolo permite que os Bombeiros Sapadores de Lisboa possam assegurar serviço de prevenção no heliporto “24 horas por dia, 365 dias por ano, com uma equipa de seis elementos e um veículo urbano de combate a incêndios”.

Como contrapartida, o Hospital de Santa Maria deveria fornecer material pré-hospitalar ao RSBL e responsabilizar-se pela formação dos bombeiros e pelos custos, mas, segundo Sérgio Carvalho, essa situação nunca se verificou.

“Até hoje nunca ninguém pediu nada ao Hospital de Santa Maria. A Câmara de Lisboa está a ser prejudicada porque o regimento e o seu comando não pedem esse material de forma a ser reposto nos armários dos nossos quartéis e nas ambulâncias, tal como consta no protocolo”, apontou.

Relativamente à formação, Sérgio Carvalho referiu que tem vindo a ser assegurada pela escola do RSBL, em horário laboral, “com todos os encargos a serem suportados pela Câmara de Lisboa”.

“Eu não acredito que o senhor presidente de Câmara tenha conhecimento disto”, ressalvou.

O SNBP já tinha anunciado no final do mês de outubro que os bombeiros do Regimento de Sapadores de Lisboa iriam iniciar em 17 de novembro uma greve devido a “problemas persistentes nas condições de trabalho”, garantindo apenas os serviços mínimos.

Durante o período de greve, serão garantidos os serviços mínimos para assegurar o socorro à população de Lisboa, disse Sérgio Carvalho, incidindo a greve sobre serviços de prevenção e vistorias, limpezas de pavimento, entre outros serviços que não coloquem em causa o socorro.

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