Saúde

Excesso de trabalho pode “reprogramar” o cérebro

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 20-05-2025

Um estudo inovador realizado na Coreia do Sul aponta que o excesso de trabalho pode causar alterações estruturais no cérebro humano, especialmente em regiões ligadas à função executiva e à regulação emocional.

A investigação, realizada por universidades de prestígio, analisou imagens cerebrais de profissionais de saúde que cumpriam jornadas superiores a 52 horas semanais — o limite legal naquele país — e comparou-as com as de colegas que trabalhavam menos.

Os resultados indicaram que quem trabalha em excesso apresenta um volume maior em áreas cerebrais como o giro frontal médio, a ínsula e o giro temporal superior, zonas fundamentais para o planeamento, a tomada de decisão, a perceção emocional e a memória de trabalho. Estas mudanças, segundo os investigadores, podem afetar a clareza do pensamento e a capacidade de gerir o stress.

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Contudo, ainda não está claro se o excesso de trabalho causa estas alterações ou se existem outros fatores em jogo, como o stress crónico, a fadiga ou a privação do sono — condições comuns em quem trabalha longas horas. Um aspeto importante é que o aumento do volume cerebral nem sempre corresponde a melhorias cognitivas, podendo, em alguns casos, sinalizar disfunções ou adaptações negativas, indica a ZME Science.

O estudo destaca ainda que o contexto laboral moderno, com maior exigência, trabalho remoto e comunicação contínua, torna difícil desligar e contribui para a extensão da jornada diária. Países como a Coreia do Sul e o Japão lideram estas tendências, com médias de trabalho superiores a 50 horas semanais.

Embora se trate de uma investigação preliminar, com uma amostra limitada e focada em profissionais de saúde — uma categoria já exposta a elevados níveis de stress — os resultados sublinham a urgência de reavaliar as políticas de saúde ocupacional. O excesso de trabalho deve ser encarado não só como risco físico, mas também como uma ameaça à saúde mental e à arquitetura cerebral.

Os autores do estudo apelam a medidas que limitem as horas de trabalho e promovam ambientes mais saudáveis, reforçando a necessidade de cuidar do cérebro para proteger o bem-estar emocional e cognitivo dos trabalhadores.

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