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Estudo de investigadora da Universidade de Coimbra mostra que camada de gelo da Antártida Ocidental pode ter colapsado há 120 mil anos 

Notícias de Coimbra | 4 meses atrás em 22-12-2023

Imagem: Louise Allcock

Um estudo, em que participa Catarina Siva, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), mostra que a genética do polvo Pareledone turqueti contém um grave alerta para o aumento do nível do mar: a camada de gelo da Antártida Ocidental pode ter colapsado totalmente durante o Último período Interglacial, há cerca de 120 mil anos, quando as temperaturas globais eram semelhantes às atuais.

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Este estudo, acabado de publicar na revista Science, fornece a primeira evidência empírica de que o colapso desta camada de gelo pode acontecer mesmo sob as metas do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento a 1,5-2 graus celsius (ºC).

De acordo com Catarina Silva, co-autora do artigo científico, a investigação ajuda a compreender se a camada de gelo da Antártida Ocidental colapsou ou não num passado recente, quando as temperaturas globais eram semelhantes às de hoje, aumentando a precisão das futuras projeções globais de aumento do nível do mar. «Esta questão é muito importante, porque um futuro colapso total da camada de gelo da Antártida Ocidental pode levar ao aumento do nível global do mar de 3 a 5 metros», alerta a investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) do DCV.

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A análise genética de polvo Pareledone turqueti «permitiu identificar se e quando as populações estiveram em contacto e trocaram material genético. Nós comparamos os perfis genéticos das populações nos mares de Weddell, Amundsen e Ross e encontramos conectividade genética que remonta ao Último Interglacial», finaliza.

Esta conectividade genética só seria possível se ocorresse um colapso completo da camada de gelo da Antártida Ocidental durante o Último Interglacial, abrindo rotas marítimas ligando os atuais mares de Weddell, Amundsen e Ross. Tal, teria permitido que o polvo atravessasse o estreito aberto e trocasse material genético, que podemos identificar no ADN das populações atuais.

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As descobertas deste estudo, liderado por investigadoras da Universidade James Cook, Austrália, apoiarão a tomada de decisões em torno de medidas de adaptação e mitigação nas regiões costeiras de todo o mundo.

O artigo científico está disponível para consulta aqui.

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