Coimbra

Estivadores “estupefactos” com ataques das associações portuárias à greve do setor

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 24-01-2014

 O Sindicato dos Estivadores mostra-se “estupefacto” com as associações portuárias por estas acusarem a estrutura sindical de querer manter o “monopólio” da mão-de obra no porto de Lisboa na sequência do pré-aviso de greve.

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Numa carta aberta difundida hoje, o Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal lembra que estão em causa “a vida de centenas de pessoas” e que “os trabalhadores portuários são seres humanos e não meras coisas descartáveis e passíveis de contabilizações financeiras em folhas de Excel”.

Assim, prossegue a estrutura sindical, “importa iniciar desde já, também de forma pública, a desmistificação do verdadeiro ‘cenário kafkiano’ que está a ser criado no setor portuário, em especial no porto de Lisboa, por parte daqueles que, financeiramente, mais têm lucrado com o trabalho das centenas de trabalhadores portuários que ali trabalharam, e trabalham, no decurso dos últimos anos”.

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A carta aberta surge em resposta a uma outra carta conjunta, datado do dia 21 de janeiro, onde a Associação de Operadores do Porto de Lisboa, a Associação Marítima e Portuária e a Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa afirmam que o Sindicato dos Estivadores insiste em manter o “monopólio” da mão-de obra no porto de Lisboa.

Na carta das associações portuárias refere-se que os pré-avisos de greve surgem no decurso do processo negocial de revisão do Contrato Coletivo de Trabalho que, referem, “estava a decorrer com toda a normalidade”, com a “admissão” de 18 trabalhadores, acusando o sindicato de colocar em causa a “paz social” que “iria permitir recuperar a imagem depauperada do porto de Lisboa, criar postos de trabalho” e conseguir a revitalização.

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“Convém esclarecer que não se tratam de verdadeiras admissões, mas sim de readmissões de 18 trabalhadores despedidos pela A-ETPL no final de janeiro de 2013, que têm ações judiciais em tribunal, nas quais peticionam a sua reintegração no setor dado que trabalhavam no mesmo há mais de seis anos, de forma exclusiva e contínua”, responde o sindicato, acrescentado que as associações portuárias não referem a criação da nova Empresa de Trabalho Portuário (ETP) Lisboa.

“A verdadeira questão que importa ser conhecida, e que omitem, também de forma deliberada, prende-se com o facto de terem criado uma nova empresa de trabalho portuário para funcionar no Porto de Lisboa, a qual visa concorrer diretamente com a A-ETPL, onde todos os trabalhadores portuários efetivos são sócios deste sindicato”.

O Sindicato dos Estivadores marcou uma nova greve no Porto de Lisboa, para o turno das 8:00 às 17:00 na semana de 03 a 10 de fevereiro, estendendo a paralisação que arranca a 27 de janeiro.

Segundo o presidente do Sindicato dos Estivadores, António Mariano, os estivadores vão parar totalmente “no primeiro turno das 8:00 às 17:00 [entre 3 e 10 fevereiro] e no dia 04 fevereiro param também duas horas em Setúbal e duas horas na Figueira da Foz, no âmbito de um protesto europeu”.

Esta nova greve segue-se àquela que o Sindicato dos Estivadores já tinha marcado no Porto de Lisboa para os dias entre 27 de janeiro e 03 de fevereiro, em que irão parar “se forem introduzidos trabalhadores estranhos” ao serviço.

Ambas as greves são uma forma de protesto contra o recurso a novos trabalhadores que o sindicato considera que põe em causa os atuais estivadores, sobretudo depois de 47 terem sido despedidos em 2013.

 

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