ESTeSC lança livro sobre importância do estudo da bioética para o desempenho profissional dos técnicos de saúde

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 06-11-2017

É apresentado amanhã, pelas 16:00, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o livro do estudo do investigador Adelino Santos que revela que os profissionais de Tecnologias da Saúde que têm formação específica na área da Bioética, são mais interventivos eticamente e mais confiantes no exercício da sua atividade.

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AdelinoSantos ESTeSC
O docente da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra (ESTeSC) Adelino Santos realizou uma investigação com o objetivo de perceber qual a importância do ensino da Bioética/Ética médica no quotidiano profissional dos Técnicos de Saúde.

 
O estudo revela que os profissionais com formação específica em Bioética “estão significativamente mais envolvidos na tomada de decisão ética e apresentam maior intensidade e frequência nos questionamentos morais”, afirma o investigador, ressalvando que o tempo de formação não interfere nesta relação.

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“Lidar com problemas éticos deve requerer uma sensibilidade ético-moral aprimorada, que facilite a empatia, a compaixão, a bondade e o interesse pelo cuidado prestado”, afirma o docente. Do mesmo modo, há outros campos que também não devem ser minorados: “reduzir a ansiedade e vulnerabilidade dos doentes, tornar os procedimentos menos traumáticos, apoiar o doente ou familiar a fazer, realmente, a diferença na relação com o Outro”.

 
Apesar dos técnicos de saúde reconhecerem a importância da formação nas áreas da Bioética/Ética médica, não é essa a realidade do ensino. Adelino Santos afirma que a formação ministrada, atualmente, nas Escolas Superiores de Tecnologias da Saúde (Coimbra, Porto e Lisboa), no geral, tem presentes a Bioética e Deontologia, mas não em todos os cursos. As especialidades estão ainda esbatidas noutras disciplinas, muitas vezes lecionada por professores de outras áreas, como a Psicologia.

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Segundo os dados recolhidos, existe um amplo reconhecimento da quase omnipresença da Bioética na prestação de cuidados de saúde por parte dos 91,9% dos técnicos que revelaram ter tido Bioética/Ética médica na sua formação básica. Adicionalmente, 1/3 (37%) tiveram algum tipo de formação avançada ou pós-graduada nestas áreas. Contudo, 8,1% dos profissionais responderam não ter tido educação alguma em Ética nos cuidados de saúde, apesar das evidências de programas de educação contínua (ou mesmo ações formativas pontuais) neste âmbito.

 
Segundo o investigador, o ensino desta disciplina fica comprometido se não houver congruência entre os conteúdos programáticos e a consecução dos objetivos na área.

“Matérias específicas da formação em Bioética/Ética médica e Deontologia, aumentam os níveis de confiança nos julgamentos ético-morais e promovem as tomadas de decisão adequadas”, diz. “Não chega que o processo formativo apenas contemple a Deontologia, pois é a Bioética que aglutina a norma com o respeito pela Dignidade Humana traduzida pela abordagem e empatia na prática profissional”, garante.

 
O profressor afirma que os resultados deste estudo podem ter implicações importantes nas diferentes formações das tecnologias da saúde, ao mesmo tempo que revelam que, na perspetiva dos profissionais desta área, a integração dos conteúdos “tem uma influência significativa na otimização dos recursos éticos, na ação moral e na própria autoconfiança do técnico”.

 
Para Adelino Santos, quando há formação específica nas áreas da Ética e Bioética, ela é muito importante no desenvolvimento do futuro profissional. “Dá mais confiança ao técnico de saúde para o desempenho profissional, que interfere mais eticamente”, explica. Quando isso não acontece, “o profissional está a demitir-se da sua principal missão, que é o cuidar”, afirma.

 
A recolha de dados foi efetuada junto das três profissões das Tecnologias da Saúde mais representativas (num universo de 18), cujos profissionais estão de maior a menor contacto com o doente, respetivamente fisioterapeutas, técnicos de imagem médica e técnicos de análises clínicas.

Os profissionais foram contactados através das associações profissionais mais representativas e sindicatos, para adesão a um questionário em plataforma online, durante um período de 40 dias, tendo-se obtido uma amostra representativa de 1290 respostas válidas. O questionário avaliou a Intensidade e a Frequência dos Questionamentos Morais, a Dificuldade e a Frequência da Reflexão Ética e, por fim, a Satisfação com o Trabalho e Envolvimento nas Decisões.

 
Os resultados da investigação realizada, agora lançadas em livro, foram incluídos na tese de doutoramento em Junho apresentada à Universidade Católica Portuguesa, intitulada “Importância do Ensino da Bioética nas Tecnologias da Saúde””. Esta publicação é o 17.º volume da Coleção “Ciência, Saúde e Inovação | Teses de Doutoramento” da ESTeSC.

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