Num clima de choque e estupefação, 17 suspeitos detidos no âmbito da explosiva Operação “Safra Justa” foram esta quarta-feira à tarde conduzidos ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
A investigação da Polícia Judiciária aponta para aquilo que poderá ser uma das maiores redes de exploração de imigrantes alguma vez desmantelada no Alentejo — e o mais alarmante: onze dos detidos pertencem às forças de segurança portuguesas.
Entre os suspeitos estão dez militares da GNR, incluindo um tenente alegadamente a liderar o esquema, um sargento e oito guardas, todos do Comando Territorial de Beja. Junta-se ainda um agente da PSP, igualmente destacado em Beja, mas que se encontrava de baixa desde setembro do ano passado, avança a RTP.
PUBLICIDADE
As acusações que pairam sobre o grupo são graves e de enorme impacto público: auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva e abuso de poder — crimes que, a confirmarem-se, abalam profundamente a confiança nas instituições.
Segundo apurou a RTP, as alegadas vítimas — cerca de 500 trabalhadores provenientes da Índia, Nepal, Paquistão e Bangladesh — viviam em situação de extrema vulnerabilidade, sendo supostamente usadas para gerar lucros avultados para a rede agora desmantelada.
A megaoperação policial que arrancou na terça-feira mobilizou meios por todo o país: cerca de 50 mandados de busca em explorações agrícolas, casas particulares, cafés, um posto da própria GNR e ainda diligências na Figueira da Foz e no Porto.
Num comunicado, o Ministério Público afirma que os detidos terão explorado a fragilidade documental, social e económica dos imigrantes para obter benefícios económicos de grande dimensão — uma descrição que adensa o escândalo e deixa o país em alerta.
PUBLICIDADE
