Pode estar a comer de forma equilibrada, a evitar fast food, a beber água e a incluir fruta e vegetais no prato todos os dias. Ainda assim, um simples ingrediente, presente em quase todas as refeições, pode estar a pôr a sua saúde em risco: o sal.
Um estudo recente realizado no Brasil e publicado na revista científica BMC Medicine revela que a ingestão excessiva de sódio aumenta significativamente o risco de adenocarcinoma gástrico, um tipo agressivo de cancro do estômago que representa mais de 90% dos casos registados. A taxa de mortalidade deste tumor ultrapassa os 75% em cinco anos, o que reforça a gravidade do alerta.
Até aqui, a investigação científica apontava sobretudo para alimentos processados, refrigerantes e doces como grandes culpados. De facto, os açúcares adicionados podem representar até 21% do risco de cancro quando fazem parte de dietas desequilibradas. Estes encontram-se não só em bolachas e refrigerantes, mas também em produtos “supostamente saudáveis”, como cereais industrializados.
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No entanto, o destaque do estudo vai para o sódio. Os investigadores concluíram que mesmo em dietas ricas em fruta e vegetais, o excesso de sal mantém-se como fator determinante para o desenvolvimento de tumores.
O efeito do sódio sobre a mucosa do estômago pode causar inflamações, lesões e favorecer a ação da bactéria Helicobacter pylori, conhecida pelo seu papel no desenvolvimento de úlceras e cancro gástrico.
Engana-se quem pensa que basta “usar pouco sal” ao cozinhar. Grande parte do consumo excessivo vem de produtos comuns como pão branco, arroz, feijão, carnes processadas e até alimentos rotulados como integrais.
Estima-se que cerca de 60% da população ultrapassa diariamente os níveis recomendados de sódio, muitas vezes sem se aperceber.
Os especialistas deixam várias recomendações para quem quer proteger a saúde: ler com atenção os rótulos, mesmo em produtos ditos “saudáveis”; reduzir o consumo de alimentos industrializados; evitar produtos com açúcares adicionados; dar preferência a alimentos frescos, naturais e pouco processados; e diminuir gradualmente o sal usado no tempero da comida.
O estudo lança uma questão essencial: até que ponto estamos realmente a comer de forma saudável? Pequenos hábitos enraizados podem estar a sabotar boas intenções, com consequências graves a longo prazo.
Se quer proteger a sua saúde e a da sua família, a mensagem é clara: menos sal hoje pode significar mais anos de vida amanhã.
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