A República de Kiribati, um pequeno Estado insular perdido no Pacífico central, vive na linha da frente da crise climática global — e a sua sobrevivência está a ser posta à prova. Com apenas 800 quilómetros quadrados de terra espalhados por 33 atóis ao longo de 3,5 milhões de quilómetros quadrados de oceano, quase toda a sua superfície fica a escassos dois metros acima do nível do mar.
É um dos países mais vulneráveis do planeta à subida das águas. E a ameaça já não é teórica: em 1999, duas ilhotas desabitadas, Tebua Tarawa e Abanuea, desapareceram totalmente, engolidas pelo mar em consequência da erosão e da subida gradual do nível das águas.
Kiribati vive numa geografia frágil. O Atol de Tarawa, centro político e onde reside grande parte dos cerca de 138 mil habitantes, é um recife em forma de V que envolve uma enorme lagoa. No sul, uma fina faixa de terras interligadas concentra mais de metade da população e abriga o Aeroporto Internacional de Bonriki — também ele ameaçado pela subida das águas, explica a National Geographic.
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Tempestades cada vez mais violentas, inundações frequentes e a intrusão de água salgada nos solos agrícolas já provocaram: danos graves em infraestruturas, perda acelerada de costa, contaminação de fontes de água doce, redução da capacidade agrícola e degradação de recifes de coral essenciais à proteção natural das ilhas.
De acordo com estimativas científicas, o nível médio global do mar poderá subir entre 29 centímetros e 1,1 metros até ao final do século. Para Kiribati, essa diferença equivale a determinar se o país continua habitável ou se perde território de forma irreversível.
Cada centímetro de subida aumenta o risco de: ilhas se tornarem inabitáveis, comunidades serem deslocadas, o país enfrentar uma crise de água potável e ainda uma eventual necessidade de migração em massa.
Para Kiribati, o futuro é incerto e profundamente ameaçador. Se nada mudar no ritmo global de emissões e na subida das águas, o país poderá transformar-se no primeiro exemplo extremo de uma nação que literalmente se afoga devido às alterações climáticas.
Kiribati não luta apenas pela preservação das suas ilhas — luta pela sobrevivência de um povo, de uma cultura e de uma identidade nacional que o oceano insiste em tentar apagar.
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