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Este Festival promove coexistência entre homem e o lobo

Notícias de Coimbra | 6 horas atrás em 07-07-2025

O lobo-ibérico é celebrado num festival comunitário que decorre entre sexta-feira e sábado, na aldeia de Fafião, em Montalegre, que une a natureza, música, teatro, pintura e fotografia, foi hoje anunciado.

O Festival Aldeia de Lobos quer promover a coexistência entre o homem e o lobo-ibérico, celebrar a cultura local e sensibilizar para a importância da conservação da espécie.

“Longe vão os tempos em que o lobo era visto como inimigo na aldeia, uma das poucas em Portugal que ainda preserva as seculares tradições das vezeiras. Com as ‘tréguas feitas’, julho tornou-se o mês em que Fafião celebra o lobo, transformando uma antiga rivalidade numa jornada de coexistência e sensibilização”, afirma, em comunicado, a Associação Vezeira.

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O festival acontece desde 2018 em Fafião, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), no norte do distrito de Vila Real.

A organização salienta que o evento, que decorre entre sexta-feira e sábado, visa a “preservação da espécie e simboliza uma profunda mudança na relação entre a comunidade e este predador, hoje em estado ameaçado”.

O festival tem como protagonista central o lobo-ibérico e a sua relação com a comunidade local, mas tem também como objetivo a preservação das tradições locais, como a vezeira que se traduz no pastorear à vez pela serra, seja o gado bovino ou caprino.

Em Fafião, as ruas e as antigas cortes, onde outrora pernoitavam os animais, transformam-se em galerias para exposições e instalações artísticas e o fojo do lobo (armadilha para capturar este animal) em palco para concertos.

“Este evento comunitário anual transcende a mera sensibilização para a conservação da espécie, imergindo os visitantes na rica tapeçaria cultural da região”, salienta a Associação Vezeira.

Na aldeia vão ouvir-se ritmos diferentes desde o folk, rock, música eletrónica a sons mais tradicionais, com atuações de Kumpania Algazarra, Bed Legs, Bafo de Bode, Catarina Silva, Magupi , BDJoy e Zimbora Band, Epirex, Uxu Kalhus, Soundprofile, Van Dingo, Maria Callapez e Charanga Alambique.

As exposições e instalações artísticas serão protagonizadas por Corline Vieira (pintura),Humberto Borralheiro (artes plásticas),Mário Cunha (fotografia), Luís Simões (desenho), Celestino André (escultura e pintura), Luís Afonso (fotografia), Javi Aguilera (arte realista figurativa) e Carlos Pontes que vai apresentar imagens do lobo-ibérico com a utilização de retroiluminação.

O teatro ficará a cargo da companhia Filandorra, sediada em Vila Real.

A Junta de Cabril contribuirá com uma instalação que fará uma alusão artística ao entrudo e a Junta de Ferral apresentará uma instalação focada na lenda da ponte da Misarela.

Durante os dois dias haverá ainda workshops dedicados “à vida selvagem mais esquecida,” pelo fotógrafo Carlos Rio,que dará a conhecer os pássaros, e ainda por Rui Lemos, cuja especialidade é o mundo dos répteis, bem como a caminhada interpretativa Rota do Azeite: Um percurso pela memória e comunidade do lagar”, que acontece no ano em que se celebra a reconstrução de um lagar comunitário que se encontra 100% operacional.

Em 2025, o tema central da tertúlia é o “Turismo Sustentável em paisagens naturais de relevo”, e o programa inclui ainda uma recriação do “esconjuro dos lobos”, um ritual pagão praticado há vários séculos, um mercado com produtos colhidos pelos agricultores locais e destacar-se-á ainda o projeto europeu “Life Wild Wolf”, que visa a proteção do lobo-ibérico.

O Polo do Ecomuseu de Barroso vai apresentar duas exposições centradas no lobo e no povo do Barroso.

O censo nacional do lobo (2019/2021) revelou que a área de presença desta espécie reduziu 20% em Portugal e que o número de alcateias detetadas decresceu 8% para as 58.

Na Peneda/Gerês houve um aumento de alcateias, das 16 para as 24, verificando-se uma diminuição nos restantes três núcleos populacionais, principalmente no Alvão/Padrela, onde o número de alcateias estimado desceu das 13 para as seis.

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