Pendões, buscas policiais, acesso a conhecimento privilegiado, o Parlamento tornou-se uma bolsa de valores e, depois de sabermos que os deputados passam a nacionais depois de eleitos, sabemos agora que são propriedade partidária.
Nos dias mais difíceis que as democracias europeias vivem, há quem se entretenha em capítulos esquisitos.
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Enquanto isso, dezanove Estados-membros da União Europeia estão disponíveis para recorrer ao Banco Europeu de Investimento no setor da defesa. A iniciativa, liderada pela Finlândia, visa explorar novas formas de financiamento e mobilização de fundos privados para o setor da segurança e defesa.
Já nós, bem podem mandar vir o secretário-geral da Nato ao país, que nem pio.
Nós, como não sabemos escrever leis e, assim sendo, traz um amigo. E mais outro também. De preferência, um promotor imobiliário, que perceba de solos e mercados.
Não há, como é óbvio, qualquer conflito de interesses.
Interesses são o reforço das estruturas de defesa, mas aumentar a capacidade do país, não tem pressa.
Antes o dinheiro europeu, para alargar zonas industriais e um part-time com a família.
É assim andamos, duas empresas de imobiliário que podem vir a beneficiar das alterações a um regime relativo à Lei dos Solos, legislação que foi alterada sob tutela e, a pedido, por um amigo.
Deve ser já o resulto do Centro 2030 que abriu um concurso, com uma dotação de 5 milhões de euros, para financiar projetos empresariais que contemplem a aplicação de resultados de Investigação e Desenvolvimento ou que detenham uma forte componente de valorização do conhecimento, incluindo áreas intensivas em tecnologia e criatividade. Com cinco milhões?
Com a paisagem a ser destruída, por fogos, lítios e afins, o que nos aflige? Uma moratória à exploração mineira em mar profundo até 2050.
E a reforma? Bom há uma comissão que tem especialistas no assunto, ligados a fundos de pensões privados, levantando suspeitas sobre uma possível agenda de privatização do sistema. Nada de novo, outra vez o conhecimento privilegiado.
Bom, bom, era usar as malas do deputado, as leis do secretário e as pensões e correr tudo ao estardulho. Isso é que fazia de nós uma Pátria decente.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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