Saúde

Esta síndrome rara faz com que as pessoas vejam rostos que não existem

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 29-12-2025

Imagem: depositphotos.com

Um estudo recente divulgado no ScienceAlert descreve uma condição neurológica rara, apelidada de síndrome da “neve visual” (visual snow), em que o cérebro de algumas pessoas interpreta ruído visual constante de forma tão intensa que faz com que vejam rostos em padrões onde não existem — muito além da simples ilusão que todos experienciamos, como ver formas em nuvens ou objetos inanimados.

PUBLICIDADE

publicidade

Usualmente, o nosso cérebro tem uma propensão natural a detectar faces — um fenómeno chamado pareidolia, que nos leva a ver feições humanas em superfícies e texturas sem relação com rostos reais.

PUBLICIDADE

No entanto, a investigação publicada na revista Perception sugere que em pessoas com síndrome da neve visual, essa tendência é muito mais marcada. A condição faz com que quem a tem veja uma espécie de “estática” em todo o campo visual — como um écran de televisão sem sinal — mesmo no escuro.

Num experimento online com mais de 250 voluntários, aqueles com a síndrome atribuíram pontuações significativamente mais altas de “face” a imagens aleatórias do que o grupo sem a condição. Ou seja, quando lhes mostraram objetos tão diversos como troncos de árvore ou chávenas de café, os participantes com neve visual eram mais propensos a interpretar padrões difusos como rostos familiares, mesmo que estes não estivessem presentes.

O estudo mostrou também que as pessoas com nevra visual que sofrem de enxaquecas intensificam ainda mais esta tendência, o que pode indicar uma ligação neurológica entre as duas condições.

A síndrome da neve visual é uma condição neurológica pouco compreendida. As pessoas que a experienciam veem uma espécie de “ruído” ou pontos cintilantes constantemente no campo visual — um fenómeno que nunca desaparece, mesmo em ambientes escuros.

A causa exata ainda não está clara, mas há indicações de que pode resultar de hiperexcitabilidade no córtex visual, a área do cérebro responsável por interpretar estímulos visuais.

Além da percepção contínua de estática, esta condição pode andar de mãos dadas com sensibilidade à luz, imagens residuais após movimento e enxaquecas, tornando a experiência visual diária confusa e exaustiva para quem a vive.

Os investigadores sublinham que estas experiências não são imaginárias: as pessoas com a síndrome realmente processam o mundo visual de forma diferente. Relacionar a nevra visual com um sinal mensurável como a percepção de rostos inexistentes pode ajudar os médicos a diagnosticar e compreender melhor uma condição frequentemente mal reconhecida.

Este tipo de investigação não só aprofunda a nossa compreensão de como o cérebro interpreta o mundo — equilibrando sensibilidade e precisão — como também abre portas a futuros métodos de diagnóstico, que podem incluir testes rápidos baseados na identificação de ilusões faciais.

Em suma: embora todos nós vejamos “caras” onde elas não existem de vez em quando, para um grupo de pessoas com síndrome da neve visual, essa tendência é uma manifestação real de uma interpretação cerebral amplificada — um lembrete de como a percepção humana pode descolar da realidade objetiva.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE