Um estudo recente conduzido por investigadores do Imperial College London revelou uma possível ligação entre o uso de pílulas anticoncepcionais à base de progesterona , conhecidas como minipílulas, e um aumento significativo no risco de crises de asma entre mulheres com menos de 35 anos.
A investigação aponta para um risco 39% superior de episódios asmáticos nas utilizadoras deste tipo de contraceptivo em comparação com mulheres com asma que nunca o tomaram.
O estudo analisou dados clínicos de mais de 260 mil mulheres entre os 18 e os 50 anos diagnosticadas com asma, cruzando a informação com o uso de diferentes métodos contraceptivos entre 2004 e 2020. Os resultados, publicados na ERJ Open Research, mostram que, embora a associação não tenha sido encontrada em mulheres mais velhas, o impacto nas mais jovens é evidente.
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De acordo com Chloe Bloom, investigadora principal e especialista em epidemiologia respiratória, esta descoberta poderá ser uma peça importante para compreender porque é que a asma tende a ser mais grave nas mulheres do que nos homens, especialmente em idade fértil. “Este estudo fornece dados que podem ajudar mulheres e profissionais de saúde a tomarem decisões mais informadas sobre o tipo de contracepção mais adequado”, explicou.
A Asthma and Lung UK, entidade que financiou a investigação, apelou a um reforço dos estudos nesta área. Erika Kennington, responsável pela área de investigação da organização, sublinha que esta é uma área historicamente pouco estudada. “É urgente entender melhor como o estilo de vida, incluindo a contracepção, pode influenciar a asma nas mulheres. Este é apenas um primeiro passo”, pode ler-se no Mirror.
Apesar da relevância dos dados, os especialistas alertam que não há, para já, motivos para mudanças nas prescrições médicas. “Ainda não existem provas suficientes para que se recomende às mulheres trocar de método contraceptivo com base apenas neste risco”, acrescentou.
A investigação destaca, mais uma vez, a necessidade de reforçar o investimento na investigação em doenças respiratórias, uma vez que, apesar dos avanços, muitas mulheres continuam sem respostas claras para gerir eficazmente a sua condição.
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