Saúde

Esta estratégia para emagrecer (dizem que) é 5 vezes melhor que Ozempic

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 36 minutos atrás em 17-12-2025

Medicamentos como o Ozempic e outros fármacos à base de semaglutida têm ganho enorme popularidade no tratamento da obesidade, mas um novo estudo indica que continuam muito longe da eficácia da cirurgia bariátrica quando o objectivo é uma perda de peso significativa e duradoura.

A investigação, conduzida por cientistas da Universidade de Nova Iorque (NYU), comparou os resultados da gastrectomia vertical e do bypass gástrico com o uso de medicamentos como a semaglutida e a tirzepatida, pertencentes à classe dos agonistas do receptor GLP-1, que actuam na regulação do apetite.

Com base em registos clínicos, os investigadores analisaram dados de doentes com características semelhantes — idade, índice de massa corporal e níveis de açúcar no sangue — que optaram por medicação ou por cirurgia. Ao fim de dois anos, os resultados foram claros: os doentes submetidos a cirurgia perderam, em média, 25,7% do peso corporal total, enquanto os que recorreram apenas à medicação perderam 5,3%.

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Segundo os autores, uma das explicações prende-se com a baixa adesão aos tratamentos farmacológicos. “Ensaios clínicos mostram uma perda de peso entre 15% e 21% com GLP-1, mas este estudo sugere que, no mundo real, os resultados são consideravelmente inferiores”, afirmou Avery Brown, residente de cirurgia da NYU. O investigador sublinhou ainda que até 70% dos doentes abandonam o tratamento ao fim de um ano.

Apesar de reconhecerem os benefícios dos medicamentos, os autores defendem que alguns pacientes poderão precisar de ajustar expectativas, reforçar a adesão terapêutica ou ponderar a cirurgia metabólica para alcançar os resultados desejados.

O estudo foi financiado pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS), o que os próprios investigadores reconhecem como um potencial conflito de interesses. Ainda assim, especialistas externos reforçam a conclusão geral. “Embora ambos os grupos percam peso, a cirurgia metabólica e bariátrica é muito mais eficaz e duradoura”, afirmou Ann M. Rogers, presidente da ASMBS, que não participou no estudo.

Apesar disso, os medicamentos GLP-1 continuam a ser largamente preferidos, com as prescrições a duplicarem entre 2022 e 2023, enquanto apenas uma pequena percentagem das pessoas elegíveis opta pela cirurgia.

Os investigadores recordam que o Ozempic foi inicialmente aprovado para o tratamento da diabetes tipo 2, ajudando a controlar a glicemia, e que estudos apontam também para benefícios adicionais, como a redução do risco cardiovascular e de alguns tipos de cancro. Ainda assim, neste estudo, a cirurgia bariátrica mostrou um controlo glicémico ainda mais eficaz.

A cirurgia não é, contudo, uma solução simples. Trata-se de um procedimento invasivo e permanente, que exige mudanças rigorosas no estilo de vida, incluindo dieta e exercício físico.

“Em estudos futuros, queremos perceber como optimizar os resultados dos GLP-1, identificar que doentes beneficiam mais da cirurgia e avaliar o impacto dos custos no sucesso do tratamento”, explicou Karan Chhabra, cirurgião bariátrico da NYU Grossman School of Medicine.

A investigação foi apresentada na reunião anual da ASMBS de 2025.

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