Estudantes universitários têm mais hipóteses de sucesso em exames orais ao meio-dia, revela um estudo com mais de 100 mil avaliações académicas realizado em Itália.
A investigação, publicada na Frontiers in Psychology, analisou os desempenhos de cerca de 19 mil estudantes em mais de mil disciplinas, entre 2018 e 2020 — e o padrão é claro: as taxas de aprovação são significativamente mais altas por volta do meio-dia.
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Segundo os dados, às 8:00 a taxa de aprovação rondava os 54%, subia para 72% ao meio-dia, e voltava a cair para 51% às 16:00. “Encontrámos esta bela distribuição de dados em forma de sino”, explica Carmelo Vicario, investigador da Universidade de Messina e autor principal do estudo.
A motivação para a pesquisa surgiu quando Vicario leu um estudo anterior que mostrava como as decisões judiciais eram afetadas pela hora das refeições. Intrigado, decidiu testar se o mesmo efeito se aplicaria na educação.
Embora as causas exatas desta variação não sejam totalmente compreendidas, os investigadores sugerem que o fenómeno pode estar relacionado com os cronotipos dos estudantes — o ritmo natural do corpo em relação ao sono e à vigília. Jovens tendem a ser mais notívagos, o que pode prejudicar o seu desempenho em exames matinais.
Além disso, o meio-dia pode representar o ponto de equilíbrio entre o estado de alerta dos alunos e o nível de atenção (ou empatia) dos professores, que são, em média, mais velhos e provavelmente mais matutinos.
“Como sempre, no meio é que está a virtude”, resume Vicario.
Apesar de os resultados se referirem exclusivamente a exames orais, o estudo abre caminho para uma reavaliação do agendamento de avaliações académicas, especialmente se o objetivo for garantir justiça e maximizar o desempenho estudantil.
Thomas Lancaster, investigador no Imperial College London, que não participou no estudo, lembra que muitos fatores afetam o rendimento académico — e o horário é um deles. “Seja a hora do dia ou o espaçamento entre exames, tudo conta”, afirma.
Resta saber se esta descoberta irá influenciar a forma como as universidades organizam os seus calendários. Para já, se tiver de escolher… aposte no meio-dia.
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