Para muitos portugueses, o dia só começa verdadeiramente depois de uma chávena de café. No entanto, apesar de ser uma rotina aparentemente inofensiva, o café pode interferir com a eficácia de diversos medicamentos, colocando em risco a saúde de quem depende deles para tratar doenças crónicas ou agudas.
A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central e, quando combinada com certos medicamentos — como os que contêm pseudoefedrina (usada em descongestionantes), teofilina (para a asma) ou até mesmo fármacos usados no tratamento do TDAH — pode intensificar efeitos secundários como insónias, taquicardia, nervosismo e aumento da pressão arterial.
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No caso da levotiroxina, prescrita para o hipotireoidismo, o café pode reduzir drasticamente a absorção do medicamento — até 50% — se for consumido demasiado cedo após a toma. O mesmo se aplica a alguns fármacos para a osteoporose. A recomendação é simples: tome o comprimido com água, em jejum, e espere pelo menos 30 a 60 minutos antes de beber café.
Os efeitos da cafeína também se fazem sentir em medicamentos para a saúde mental. Certos antidepressivos e antipsicóticos são metabolizados pela mesma enzima que processa a cafeína no fígado. O resultado? Possíveis alterações na eficácia dos medicamentos, aumento de efeitos adversos e uma eliminação mais lenta da cafeína, o que pode provocar ansiedade ou dificuldades no sono, pode ler-se na ZME Science.
Embora o café possa acelerar a absorção de analgésicos como o paracetamol ou a aspirina, também pode aumentar o risco de efeitos secundários gastrointestinais, como irritação do estômago ou até hemorragias, especialmente se houver consumo excessivo de cafeína através de outras fontes.
Para quem sofre de hipertensão ou arritmias, a cafeína pode anular ou comprometer os efeitos pretendidos da medicação. Ainda que não seja necessário eliminar o café, é importante avaliar a resposta do organismo e considerar alternativas, como o café descafeinado.
Evite tomar café imediatamente após a medicação. Dê ao seu organismo tempo para absorver corretamente os princípios ativos — especialmente no caso de medicamentos que exigem jejum.
Esteja atento a sinais de agitação, palpitações ou distúrbios do sono. Podem ser indicativos de que está a consumir cafeína em excesso ou a combiná-la com medicamentos que não toleram essa interação.
Fale com o seu médico ou farmacêutico. Uma simples conversa pode prevenir semanas de sintomas indesejados ou falhas no tratamento.
O café pode continuar a fazer parte da sua rotina — mas com consciência. Afinal, o equilíbrio entre prazer e prevenção pode ser a chave para uma vida mais saudável e segura.
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