A ligação entre a boca e o cérebro pode ser mais profunda do que se pensava. Um novo estudo do King’s College de Londres alerta para a importância vital da saúde oral em pessoas com doença de Parkinson, revelando que negligenciar a higiene dentária pode acelerar o declínio cognitivo.
A investigação centrou-se no microbioma oral, o vasto conjunto de mais de 700 espécies de microrganismos que vivem na boca e na sua capacidade de influenciar o intestino e, indiretamente, o cérebro.
De acordo com os cientistas, certas bactérias orais, normalmente inofensivas ou até benéficas, podem migrar para o intestino em pessoas com Parkinson, sobretudo quando barreiras naturais, como a acidez gástrica, estão comprometidas. Uma vez no sistema digestivo, estas bactérias alteram a microbiota intestinal, libertando toxinas que provocam inflamações crónicas e prejudicam a comunicação entre o intestino e o cérebro.
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O estudo, citado pela revista Psychology Today, revela que os doentes com maior presença dessas bactérias demonstraram pior desempenho em testes de memória e raciocínio.
Os investigadores defendem que manter uma boa saúde oral pode ser uma estratégia simples, mas poderosa, para ajudar a preservar a função cognitiva em pessoas com Parkinson. Para isso, recomendam “escovagem regular e correta dos dentes, uso diário de fio dental, consultas odontológicas periódicas, dieta rica em probióticos (como iogurtes e kefir) e prebióticos (fibras e alimentos fermentados), bem como o consumo frequente de alimentos anti-inflamatórios, como frutas, vegetais e ácidos gordos ómega-3”.
A descoberta abre novas perspetivas sobre a relação entre saúde oral e doenças neurodegenerativas, e reforça a ideia de que a boca pode ser uma porta de entrada para a saúde — ou para a doença — de todo o organismo.
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