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Esperança renasce na Serra da Lousã: 50 árvores para reencantar um território ferido pelo fogo
A Serra da Lousã recebeu esta terça-feira, 28 de outubro, uma ação simbólica de reflorestação e regeneração promovida pela Universidade Europeia, no âmbito da iniciativa “Reconstruir e Reencantar Territórios – o papel dos eventos após os incêndios”, que visa contribuir para revitalizar as zonas mais afetadas pelos fogos florestais na região Centro.
Com o apoio institucional do Turismo de Portugal, do Turismo Centro de Portugal e da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, o projeto reuniu 85 estudantes e docentes que se deslocaram de Lisboa até à serra para plantar 50 novas árvores junto ao Parque Eólico da Lousã.
Apesar das condições meteorológicas adversas, com chuva e nevoeiro, os participantes mostraram entusiasmo e espírito de missão ao participar nesta ação ambiental, que simboliza o compromisso das novas gerações com a recuperação dos territórios devastados pelos incêndios.
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A iniciativa pretende não apenas reflorestar a serra, mas também reforçar a ligação entre sustentabilidade, turismo e educação, mostrando como os eventos podem desempenhar um papel ativo na reconstrução e revalorização das comunidades afetadas por desastres naturais.
A ação contou com a presença de Elsa Marçal, representante da Turismo Centro de Portugal, que sublinhou a importância deste gesto “profundamente simbólico” e a necessidade de “dar um passo no rumo certo da regeneração destes territórios afetados”.
“O turismo é um agente de mudança, capaz de juntar várias entidades num mesmo propósito: dar uma nova vida aos territórios atingidos pelos incêndios”, destacou Elsa Marçal, agradecendo o envolvimento dos cerca de 80 estudantes e professores da Universidade Europeia.
Durante a cerimónia, foram apresentadas 50 árvores, entre castanheiros, sobreiros e carvalhos, que simbolizam o compromisso das entidades envolvidas com a recuperação ambiental da serra. Apesar das condições meteorológicas adversas, que impediram a plantação imediata, o gesto marcou o início de um plano mais amplo de regeneração ecológica e sensibilização ambiental.
A representante da Turismo Centro de Portugal acrescentou que esta ação é apenas o primeiro passo de um conjunto de iniciativas que a entidade pretende apoiar em várias regiões afetadas pelos incêndios, envolvendo autarquias, associações, universidades e agentes económicos.
“Estamos focados em comunicar bem e em trabalhar com as comunidades locais para responder às dificuldades que o setor turístico ainda sente após os incêndios. Queremos que este exemplo inspire outras iniciativas semelhantes em todo o território do Centro de Portugal”, afirmou Elsa Marçal.
Entre os desafios ainda sentidos pelos agentes económicos da região, a responsável destacou a redução do fluxo de visitantes e as perdas materiais registadas, frisando que a Turismo Centro de Portugal está a desenvolver um plano de ações e comunicação em articulação com as Aldeias do Xisto, Aldeias Históricas, Comunidades Intermunicipais de Coimbra, Viseu e Lafões.
O vereador Ricardo Fernandes sublinhou à comunicação social a importância da mobilização coletiva: “A regeneração e revitalização da Serra da Lousã têm de ser um processo com o apoio de todos — das autarquias, das entidades turísticas, das escolas e da comunidade em geral. Só assim poderemos devolver à serra a paisagem notável que sempre foi.”
A ação decorreu junto ao Parque Eólico, numa área ardida pertencente à Associação do Catarredor, que cedeu o terreno para esta primeira plantação. O autarca explicou que esta zona foi escolhida como exemplo simbólico, lembrando que o incêndio destruiu cerca de 2.000 hectares no concelho da Lousã.
Nesta fase inicial, está prevista a plantação de cerca de um hectare e meio, com espécies autóctones — sobretudo castanheiros (Castanea sativa) —, consideradas fundamentais para a proteção e equilíbrio da serra.
Ricardo Fernandes destacou ainda que o município, em articulação com o ICNF e a APA, está a elaborar um plano de regeneração e ordenamento florestal para as áreas mais afetadas, especialmente aquelas onde o fogo destruiu as sementes ou onde proliferam espécies invasoras como as acácias.
“As autarquias não têm, neste momento, competências diretas em matéria de ordenamento florestal, mas defendemos que deveriam ter. Mesmo assim, já reunimos com proprietários de cerca de 4.000 hectares para construir, em conjunto com o ICNF, um plano de ordenamento que permita uma regeneração ordenada e sustentável”, referiu o vereador.
O projeto prevê recorrer a financiamentos públicos e europeus e aposta numa visão abrangente da paisagem, que integra não só a floresta, mas também as aldeias e a presença humana no território.
“Quando falamos da paisagem, falamos da floresta, mas também das comunidades. É essencial ligar o homem à natureza”, concluiu Ricardo Fernandes, lembrando que a Serra da Lousã foi distinguida com o Prémio Europeu da Paisagem em 2022.
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