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Especialistas de Coimbra alertam para a excessiva exposição de crianças a dispositivos electrónicos

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 13-10-2021

A pandemia trouxe várias alterações aos hábitos diários nas famílias. Com o confinamento, a maioria das pessoas acabaram por estar isoladas, tendo recorrido aos aparelhos electrónicos não só para trabalharem e estudarem, mas também para lazer. Para a crianças, a pandemia também trouxe uma nova realidade, levando-as a passarem prolongados períodos em frente ao ecrã.

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“Passar mais tempo em casa tem sido para muitas crianças sinónimo de estar mais tempo em frente ao ecrã. Cada vez mais cedo têm o primeiro contacto com dispositivos electrónicos como telemóveis, computadores, tablets e televisões. Esta situação, que se agravou devido às recomendações de distanciamento físico, ajudou a encurtar distâncias entre amigos e familiares. Muito se tem estudado sobre os riscos para a saúde associados à pandemia. Os problemas oculares são um deles e não devem ser negligenciados, especialmente em crianças”, defende Maria João Quadrado, Médica Oftalmologista e Professora da Faculdade de Medicina de Coimbra.

“A nossa visão possui um mecanismo a que chamamos acomodação e que nos permite reconhecer objetos a mais de seis metros e, em poucos segundos, conseguir focar com nitidez objectos mais próximos. Esse ajuste do foco é feito com a contração do músculo ciliar. O excesso de esforço para esse ajuste poderá constituiu um fator de risco para o aumento da incidência da miopia”, acrescenta.

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Segundo Joaquim Murta, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e Diretor do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, “a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que nas próximas décadas poderá ocorrer um crescimento da incidência de miopia. Em 2050, 50% das pessoas em todo o mundo serão míopes, ou seja, uma em cada duas pessoas vão sofrer desta doença (5 biliões) e cerca de 1 bilião sofrerá de miopia elevada, com todas as complicações que daqui resultam. Trata-se de uma verdadeira «pandemia» que cresce a nível global.” Sobre o impato da pandemia nos tratamentos de saúde o especialista revela que “houve uma enorme quebra nos cuidados de saúde. Temos realizado um enorme esforço a tentar compensar este deficit, com trabalho adicional e com teleconsultas”.

Apesar de, segundo dados da OMS, a cada cinco segundos, haver uma pessoa que cega no mundo, 80 % de todas as causas de deficiência visual são evitáveis ou podem ser tratáveis mediante prevenção adequada. Para Joaquim Murta, o único oftalmologista português a integrar a Academia Ophthalmologica Internationalis (AOI), “muitas das doenças são silenciosas. Existem agora tratamentos, que não havia outrora, que possibilitam evitar e tratar situações que poderão tornar-se irreversíveis, com todas as consequências sociais e financeiras associadas. Em termos de meios técnicos e humanos, existem em Portugal centros de excelência no tratamento de doenças oculares, assim como um número de Oftalmologistas acima da média europeia. É obrigatório que os Portugueses previnam e tratem as doenças oculares.”

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O Relatório Mundial da Visão, recentemente divulgado, deixa também o alerta: a procura global por cuidados oftalmológicos deve aumentar nos próximos anos não só devido ao crescimento e envelhecimento como também devido a mudanças no estilo de vida. Os especialistas defendem que nas próximas décadas poderão aumentar drasticamente o número de pessoas com doenças oculares, deficiência visual e cegueira.

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