Educação

Escolas têm “zero mediadores” para apoiar alunos estrangeiros

Notícias de Coimbra com Lusa | 7 minutos atrás em 10-09-2025

 Os cerca de 150 mil alunos estrangeiros que estudam em Portugal vão começar as aulas sem apoio de mediadores linguísticos, porque os profissionais contratados no ano letivo passado estão “no desemprego desde o início de setembro”, alertaram diretores.

No passado ano letivo, o ministério da Educação permitiu aos diretores escolares contratar 286 mediadores que começaram a chegar às escolas em fevereiro para ajudar os alunos estrangeiros.

No entanto, estes mediadores estão “desde o dia 1 de setembro no desemprego e nós, diretores, podíamos ter reconduzido estes mediadores à distância de um clique, mas não nos deixaram”, lamentou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) em declarações ao ‘Lusa Extra’, podcast da Lusa que será divulgado na sexta-feira.

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Nos dois últimos anos letivos as escolas viram duplicar o número de alunos estrangeiros – que são agora mais de 140 mil – tendo então o ministério anunciado que algumas escolas poderiam contratar mediadores culturais e linguísticos para apoiar a integração dos estudantes.

Apesar de alguns dos mediadores terem chegado às escolas apenas no final do 2.º período, a medida foi aplaudida pelos diretores, que pediram um reforço desses técnicos assim como a possibilidade de permanecerem no ano letivo seguinte.

O ministério acolheu a primeira sugestão anunciando no verão que poderiam este ano contratar 310 técnicos, mas a poucas horas do arranque de mais um ano letivo as escolas têm “zero mediadores” e Filinto Lima teme que em alguns casos demore meses até começarem a chegar.

Isto porque as escolas vão ter de iniciar um novo concurso para os mais de 300 lugares que “pode demorar semanas e eventualmente alguns meses”, alertou, sublinhando que “muitos diretores teriam todo o prazer em reconduzir os mediadores que no ano passado chegaram às escolas”.

Até lá os alunos serão acompanhados em sala de aula por outros funcionários mas “com muitas dificuldades”, tornando também “mais difícil a tarefa dos professores e das escolas”, sublinhou durante a entrevista ao podcast da Lusa.

Cerca de 1,6 milhões de crianças e jovens iniciam esta semana as aulas, sendo que muitas escolas das zonas de Lisboa, Algarve e Alentejo, continuam à procura de docentes para os horários vazios.

Em entrevista à Antena 1, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, defendeu que não há falta de professores, garantindo que há cerca de 20 mil docentes profissionalizados que não foram colocados. O problema é que a maioria vive no norte do país e as necessidades estão concentradas nas zonas de Lisboa, Alentejo e Algarve.

Filinto Lima voltou hoje a reforçar a necessidade de se criar um apoio ao alojamento para os professores deslocados, à semelhança do que já acontece com outros profissionais, apelando ao ministro da Finanças para que autorize essa verba.

“Porque é que os professores num momento de urgência e de muita emergência não podem ser apoiados na estadia?”, como acontece com os deputados, questionou.

Sobre a proibição do uso de smartphones no 1.º e no 2.º ciclo,  Filinto Lima acredita que a medida será alargada aos alunos do 3.º ciclo na maioria das escolas em que o 2.º e 3.º ciclos funcionam no mesmo espaço.

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