Coimbra

Escolas Superiores de Educação lutam contra Ministro da Educação

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 15-01-2014

 As Escolas Superiores de Educação (ESE) iniciam quinta-feira a primeira Jornada de Reflexão para mostrar que as declarações do ministro Nuno Crato, em dezembro, sobre o sistema de formação de professores e a qualidade dos licenciados das ESE “são injustas”.

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As ESE, que integram a Associação de Reflexão e Intervenção na Política Educativa das Escolas Superiores de Educação (Aripese), vão parar “a sua atividade normal” às 16:00 e, durante 12 minutos – “o mesmo tempo que durou a entrevista de Nuno Crato à RTP [em dezembro]” -, vão distribuir folhetos com informação e dados a explicar e a clarificar “a importância e os contributos das ESE”, explicou Rui Matos, presidente da Aripese.

Em causa está uma entrevista do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, à RTP, a 18 de dezembro, dia da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC) dos professores, em que o responsável falou sobre o sistema de formação de professores e as licenciaturas não universitárias.

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Na entrevista, o ministro afirmou que “o sistema de formação de professores tem, neste momento, várias falhas”, entre as quais a preparação dos candidatos à entrada para os cursos de habilitação à docência, que, segundo o responsável pela pasta da Educação, devem, pelo menos, prestar provas a Português e Matemática para poder aspirar a lecionar no Ensino Básico e Secundário.

Também a preparação à saída do curso suscitou dúvidas ao ministro, sobretudo se as licenciaturas não forem universitárias.

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“A dúvida incide sobre esses licenciados”, admitiu Nuno Crato na entrevista à RTP, questionando depois: “Sempre que se faz um exame está-se a dizer que não se confia”?

Em declarações à Lusa, o presidente da Aripese afirmou que “um ministro não pode ter ideias de senso comum, enquanto ministro”, considerando que há um “preconceito pessoal” de Nuno Crato em relação às ESE.

Rui Matos disse ainda que estes estabelecimentos de ensino se sentem “ofendidos”, sendo a jornada uma forma “de salvaguardar” a dignidade das escolas.

Para além dos “12 minutos de reflexão”, as escolas vão apresentar diferentes programas e iniciativas à volta do tema “As Escolas Superiores de Educação no contexto do sistema educativo português”.

Segundo o presidente da Aripese, “não se percebe porque deve haver dúvidas da qualidade dos professores”, salientando que estudos internacionais recentes demonstram “que há desempenhos acima da média” dos alunos portugueses.

Na edição de 2011 de “Tendências Internacionais no Estudo da Matemática e das Ciências” e “Progressos no Estudo Internacional de Leitura e Literacia” (TIMSS e PIRLS, nas siglas em inglês), Portugal ficou em 15º lugar a matemática e em 19º a ciências e leitura, nos resultados dos alunos do 4.º ano, num estudo em que participaram 40 a 50 países.

A iniciativa de quinta-feira foi aprovada na reunião da Aripese, a 27 de dezembro, em que a associação decidiu também subscrever a Carta Aberta do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos enviada ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a pedir a demissão de Nuno Crato.

A Aripese representa 12 das 13 ESE públicas do país. A única escola que não integra a associação é a da Guarda, mas também esta instituição irá participar na Jornada de Reflexão, segundo avançou o presidente da associação.

A jornada é apenas a primeira de outras ações “de reflexão, discussão e clarificação” que as ESE vão realizar ao longo do ano letivo.

“A educação nunca é demais. Se se acha que se gasta muito com a educação, é importante ver quanto dinheiro se perde com a ignorância”, frisou Rui Ramos.

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