Escolas
Escolas de norte a sul do país recolhem bens para ajudar
As escolas, de norte a sul do país, estão a realizar campanhas de recolhas de bens e alimentos para ajudar os ucranianos, numa onda de solidariedade e amizade que junta alunos, professores e pais.
“As escolas estão unidas numa onda de solidariedade e de amizade para com o povo ucraniano. É uma preocupação real, não é só da boca para fora. Os alunos e os pais estão a aderir em massa, porque querem ajudar”, contou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.
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No agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, por exemplo, os dois últimos dias desta semana serão de recolha de alimentos, roupas e bens de primeira necessidade. Tudo o que chegar às escolas de Vila Nova de Gaia será depois entregue no Seminário Cristo Rei, acrescentou Filinto Lima.
Um pouco por todo o país, as direções têm mobilizado a comunidade escolar em ações humanitárias e de solidariedade com as vítimas da guerra na Ucrânia.
Em Lisboa, por exemplo, o Colégio Valsassina está a pedir desde material de primeiros socorros, como pensos rápidos, compressas, ligaduras de gaze ou álcool, até roupa de cama, alimentos ou roupa. Os bens recolhidos no colégio serão entregues à Igreja Ucraniana de Lisboa e à Associação de Ucranianos em Portugal.
O conflito na Ucrânia, que dura há sete dias, e os milhares de refugiados que diariamente tentam sair do país tornaram-se conversas habituais nas salas de professores e nos recreios, contou à Lusa Filinto Lima.
Há já cerca de 836 mil refugiados da Ucrânia para países vizinhos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
A guerra tornou-se um tema presente nas conversas das famílias e, também por isso, surgiram iniciativas nas escolas que partem dos próprios alunos ou dos encarregados de educação, acrescentou o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascensão.
A Confap está a levar a cabo uma recolha de roupas, em especial roupa térmica e bens essenciais para as mulheres e crianças que estão em deslocação, mas Jorge Ascensão prefere sublinhar que este é um fenómeno nacional.
“Há uma grande mobilização das associações de pais juntamente com as direções a nível nacional. Mas, neste momento não interessa qual é a escola, somos nós todos. E todos nós sentimos que é sempre pouco”, concluiu Jorge Ascensão.
O presidente da Confap voltou a lembrar que “a escola é o reflexo de toda a sociedade”: “Começámos com uma manifestação pública de condenação ao que se estava a passar, mas agora é preciso arregaçar as mangas e ajudar”.
Filinto Lima precisou de recuar quase duas décadas para se lembrar de uma mobilização semelhante: “Esta onda de solidariedade fez-me lembrar os ataques em Timor Leste, quando todos nós em Portugal nos unimos, com vigílias e recolhas de bens essenciais”, disse o diretor recordando o ataque de 1991 ordenado por militares indonésios contra uma multidão de timorenses, que protestava contra a ocupação do país.
“Neste momento, os nossos alunos estão a pôr em pratica aquilo que lhes ensinamos e que cultivamos na escola, que é a solidariedade e a amizade”, saudou Filinto Lima.
No agrupamento de escolas a que pertence Filinto Lima há alunos ucranianos e russos. Até ao momento, Filinto desconhece que tenha havido quaisquer casos de discriminação em relação a crianças russas.
“Penso que as pessoas percebem que de facto a população russa também está amordaçada e conseguem distinguir o que é a população russa do que são as atitudes do governo russo. Até ao momento não senti qualquer atitude contra a população da Rússia. Mas seja como for devemos estar atentos a alguns sinais que possam surgir”, afirmou.
A Rússia lançou na passada quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
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