Escola da Noite recusa “exigências” da Câmara de Coimbra para celebrar protocolo

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 22-09-2017

A Escola da Noite recusa “as exigências” da Câmara de Coimbra previstas nos protocolos de apoio à criação artística e de gestão do Teatro da Cerca, considerando que estas violam a liberdade de criação da companhia de teatro.

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“Não aceitamos as exigências da Câmara Municipal”, sublinha a Escola da Noite, a mais antiga companhia profissional de teatro da cidade, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

Em causa, está a celebração de dois protocolos de apoio à criação artística e de gestão e programação do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), em que a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) frisou que “não abre mão” de duas questões: a obrigação de cinco estreias em três anos, e a colaboração em três iniciativas anuais do município ou apoiadas por ele.

“Estas novas exigências da autarquia são o culminar de quatro anos de indiferença, desrespeito, abandono, falta de diálogo e, finalmente, a chantagem de quem tem a faca e o queijo na mão”, critica a Escola da Noite.

A companhia frisa que a não existência de qualquer protocolo celebrado com a Câmara desde o final de 2016 resulta em três consequências: a companhia ainda não recebeu apoio da CMC em 2017, o TCSB tem sido gerido sem nenhum documento que regule a sua gestão e a companhia está a suportar sozinha as despesas do teatro.

Na tomada de posição pública, a companhia sublinha que “estas novas exigências da autarquia violam três princípios” dos quais não podem abdicar, nomeadamente a liberdade de criação artística.

Sobre a exigência de cinco estreias em três anos, a Escola da Noite frisa que em 25 anos tem uma média de “2,6 estreias por ano” e que até deseja aumentá-la, mas considera que, num contexto de “sufoco financeiro”, “fixar o número mínimo de estreias” seria condicionar “à partida o tipo de espetáculos” que pode criar.

“Comprometeria digressões de média e larga escala e limitaria a possibilidade de repormos espetáculos anteriores”, argumenta.

Sobre a obrigação de acolher iniciativas da autarquia no Teatro da Cerca, a Escola da Noite explica que tal implicaria um investimento da companhia que “pode atingir os 15 mil euros por ano”, quando o aumento de financiamento anual à companhia é de dez mil euros.

“Nós, no entanto, não solicitámos esse ardiloso ‘aumento’ de uma verba que se mantém desde os anos 90 do século passado. E podemos até prescindir dele, face às bem mais onerosas exigências que nos quer impor”, sublinha.

Para a Escola da Noite, a Câmara de Coimbra “deixa um dos principais equipamentos culturais da cidade entregue à providência”, além de colocar a companhia “numa situação de incerteza e fragilidade acrescida”.

A agência Lusa questionou a Câmara sobre a possibilidade de a autarquia retirar a Escola da Noite do TCSB ou se iria ceder em alguma das exigências apresentadas, face à inexistência de um enquadramento legal para a ocupação do TCSB por parte da companhia.

O município, sem responder à questão, refere que a vereadora Carina Gomes, na penúltima reunião do executivo, voltou a insistir “para se encontrar um entendimento a contento de ambas as partes”.

“Nesse sentido, recebeu uma resposta da Escola da Noite na passada sexta-feira (dia 15), pelas 18:38. Uma vez que os assuntos que vão a reunião do executivo são habitualmente agendados às quintas-feiras, a data da receção da resposta impossibilitou o agendamento de qualquer proposta para apresentar na última reunião do executivo camarário, realizada esta segunda-feira”, explanou.

Na resposta, o município diz ainda que a vereadora com a pasta da cultura tem afirmado nas reuniões do executivo “que é o interesse público que deve prevalecer”.

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