As companhias Escola da Noite e Centro Dramático de Évora (Cendrev) apresentam em Coimbra, a partir de 04 de dezembro, “Um Sonho”, um clássico da dramaturgia, em que o autor, August Strindberg, apresenta um olhar externo sobre a humanidade.
O espetáculo, que se estreou em Évora em outubro, é apresentado agora no Teatro da Cerca de São Bernardo, de 04 a 14 de dezembro, depois de ter sido necessário adiar a apresentação em Coimbra uma semana por motivo de doença.
A peça, que chegou a ser adaptada para o cinema pelo realizador Ingmar Bergman, é “um grande clássico contemporâneo”, afirmou à agência Lusa António Augusto Barros, que assina a encenação.
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Segundo o encenador, levar a cena “Um Sonho” é um desafio, por se estar perante um texto com cerca de 40 personagens onde se dilui a ideia de espaço e tempo e onde o dramaturgo sueco “não se poupou” nas propostas de cenários.
Em Coimbra, a coprodução das duas companhias junta onze atores em palco e contraria a ideia de cenários proposta por Strindberg para integrar “um olhar mais virado para o texto e para os atores”, explicou.
“Não escolhemos o texto pela atualidade, mas por aquilo que precisamos hoje que é de interrogar a nossa humanidade, os conflitos de hoje, os conflitos do ódio, que precisam de ser revistos”, disse Augusto Barros.
A peça que se debruça sobre a filha de um deus que desce à terra para ver como vivem os homens apresenta esse olhar deslocado, de fora, capaz de “sair das situações e perceber a fragilidade dos homens e a sua precária humanidade”, notou o encenador da peça, considerando que o texto tanto tem de tragédia como de comédia, além de muitos apontamentos de poesia, numa altura em que Strindberg apontava novos horizontes para a dramaturgia.
“É um texto em que não há tempo nem espaço e é possível brincar com tudo em simultâneo. Há uma quebra de convenções que abriu muitos caminhos”, afirmou.
A peça, que vai cruzando fragmentos de histórias e personagens em diferentes espaços e tempos, é interpretada por Ana Meira, Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Ivo Luz, Jorge Baião, José Russo, Maria Marrafa, Maria Quintelas, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash e Rosário Gonzaga.
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