Economia

Eólicas flutuantes podem ser solução para gerar energia no mar português

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 21-02-2022

O recurso a parques eólicos flutuantes no oceano poderá ser uma das soluções para produção energética a longo prazo, consideraram hoje vários especialistas numa conferência em Lisboa, notando que Portugal está numa posição privilegiada para a utilizar.

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Com tecnologia que já existe, seria possível retirar exclusivamente do oceano “toda a energia elétrica que se consome no mundo”, defendeu o professor do Instituto Superior Técnico António Sarmento, ao intervir na conferência “Gerar energia para o mundo e preservar o planeta”, organizada pelo Clube de Lisboa.

Entre 80 e 90 por cento da energia capaz de ser produzida com base no oceano vem de eólicas, mas outros métodos incluem o aproveitamento da energia das ondas, que são “uma fonte muito estável e previsível”, indicou o responsável da empresa WaveC, da área das energias renováveis ‘offshore’.

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O presidente da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha, referiu que a Europa, com “três vezes a linha de costa de África”, é o continente mais avançado na exploração de energia a partir de fontes oceânicas, defendendo que “os países devem apostar nas suas vantagens comparativas” e as eólicas ‘offshore’ são especialmente relevantes para Portugal, que não pode deixar de contar com fontes fósseis sem ter “meios alternativos renováveis”.

Pitta e Cunha afirmou-se “preocupado com os leilões fotovoltaicos” para instalações de painéis solares em extensões de “mil hectares, um absurdo em função de valores como a paisagem, um dos últimos ativos do capital natural” português.

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Ao contrário dos países nórdicos, cujo mar pouco profundo permite a instalação de turbinas eólicas no leito marinho, a profundidade do mar português obriga a que se instalem parques eólicos em plataforma flutuantes.

Com “eólicas flutuantes a mais de cinco milhas da costa, o impacto visual é nulo”, salientou, e a tecnologia permite que aí se instalem turbinas “maiores e mais rentáveis”, aproveitando “um recurso por utilizar, que é o território marítimo” português.

O vento no mar é mais constante do que em terra e a maior parte dos consumidores está na costa, acrescentou.

António Sarmento afirmou que as “interligações elétricas” entre redes, armazenamento e transporte de energia são outro desafio, até porque há limitações políticas à exportação e transporte de energia entre países.

A ex-ministra do Ambiente e professora da Universidade Nova Assunção Cristas notou que “começar a poder exportar energia numa certa dimensão também depende da vontade política de Portugal, que não deve perder a oportunidade”.

Num mercado europeu com livre circulação de pessoas e bens, “a energia também é um produto, e quando não pode circular em espaço europeu, há uma limitação ao mercado interno”, disse.

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