A entrada da multinacional Live Nation em Portugal é benéfica para a indústria da música e, mais do que uma ameaça, é um desafio, argumentou o diretor executivo da MOT – Memories of Tomorrow, promotora do festival Somnii.
“A mim não me choca nada a entrada de grandes multinacionais e, para quem não sabe, a Live Nation está para a música como a Microsoft está para o ‘software’. E é sinal de que Portugal é estratégico para a indústria”, disse à agência Lusa Tiago Castelo Branco.
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O diretor da MOT argumentou ainda que a maior produtora mundial de eventos ao vivo, que em 2024 adquiriu a Meo Arena e a empresa nacional Ritmos e Blues, olha para o nosso país “como um destino de excelência no turismo de festivais de música.
“Temos condições excecionais de hotelaria, de restauração, temos um belo bacalhau, um belo vinho, temos sol, somos um país seguro, temos infraestruturas capazes de acolher grandes eventos. Portanto, uma Live Nation não vem para o mercado português porque somos bonitos, vem porque vê a possibilidade de fazer negócio”, ilustrou Tiago Castelo Branco.
“Se a maior multinacional do mundo da música vê oportunidade de negócio, nós não temos também de ver que existe esta oportunidade? Claro que sim”, acrescentou.
Por outro lado, Tiago Castelo Branco defendeu que se o turismo representou 12,7% da riqueza nacional gerada em 2023 (a que correspondeu um contributo direto e indireto de 33,8 mil milhões de euros), “seria interessante que se fizesse um estudo sobre quanto representa a nossa indústria” nessa percentagem.
“E, se calhar, iam ficar estupefactos e é nisso que os estrangeiros estão a apostar”, vincou.
Há uns anos, a MOT fez um estudo, enviado para Inglaterra, sobre qual o custo suportado por um cidadão inglês, residente em Manchester, ao deslocar-se ao RFM Somnii, o festival de música eletrónica que organiza, anualmente, na praia do Relógio, na Figueira da Foz, no litoral do distrito de Coimbra.
De acordo com Tiago Castelo Branco, o preço da viagem numa companhia de aviação ‘low-cost’, um ‘transfer’ do aeroporto do Porto para a Figueira da Foz, hotel de quatro estrelas, almoçar e jantar durante três dias, beber cerveja a 1,5 euros ou dois euros “e não a sete libras” (8,2 euros a preços atuais), o custo total “não chegava a 100 libras (117 euros) por dia”, alegou.
“Quem sabe, quem vai a Londres ou Manchester, não consegue dormir por 100 libras por dia. Só dormir. E, portanto, fazer grandes eventos em Portugal é altamente atrativo, o bilhete é muito mais barato, fica mais barato vir a um concerto em Portugal do que ir em Manchester, para quem lá vive”, observou.
Tiago Castelo Branco disse ainda que no recente concerto de Andrea Bocelli, no estádio municipal de Leiria, a MOT vendeu bilhetes em 46 países do mundo inteiro.
“E porque é que as pessoas vêm a Leiria? Primeiro, estão para visitar Portugal e aproveitam e veem o concerto. Segundo, é muito mais barato vir para Portugal do que ir a Londres, Nova Iorque ou Paris, ver o mesmo espetáculo. Esta é a nossa oportunidade”, vincou.
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