O chouriço de carne extra pode ser um dos enchidos preferidos dos portugueses, mas uma nova análise da DECO PROteste vem recordar que este alimento deve ser consumido com moderação. Apesar de, em teoria, se distinguir pela maior qualidade da carne e por conter menos gordura do que o chouriço corrente, os testes realizados a 14 marcas mostram um produto bastante distante do ideal nutricional.
As análises revelaram que mais de 25% do chouriço é composto por gordura, grande parte dela saturada, conhecida por aumentar o “mau” colesterol. Para comparação, o lombo de porco contém cerca de 5% de gordura, muito abaixo dos 28% presentes nestes enchidos.
A DECO PROteste avaliou também a relação entre colagénio e proteína total, um indicador da qualidade da carne. O colagénio — uma proteína fibrosa, difícil de digerir e com baixo valor nutricional — é abundante em cartilagens, peles e tendões.
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O resultado? A maioria das marcas apresentou uma qualidade de carne abaixo do esperado, e algumas foram classificadas mesmo como má qualidade.
Outro grande problema é o teor de sal. Nenhuma das 14 marcas passou no teste: 30 gramas de chouriço (cerca de cinco rodelas) fornecem 20% do limite máximo diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
O consumo excessivo de sal está associado a pressão arterial elevada, doenças cerebrovasculares e maior risco de cancro do estômago.
Embora naturalmente presentes na carne, os fosfatos são frequentemente adicionados como aditivos para melhorar textura e retenção de água.
A DECO PROteste detetou fosfatos adicionados na maioria dos produtos — apesar de dentro dos limites legais. Cinco marcas, porém, provaram que é possível produzir chouriço sem estes aditivos.
Uma simples porção de 30 g de chouriço de carne extra contém cerca de 100 quilocalorias, mais do que: paio: 85 kcal; presunto: 65 kcal e fiambre: 30 kcal.
Só o chouriço corrente ultrapassa, chegando às 130 kcal.
Nem tudo é negativo. As análises detetaram quantidades muito baixas de nitritos e nitratos, conservantes comuns na charcutaria, frequentemente associados à formação de compostos potencialmente cancerígenos.
Além disso, a qualidade microbiológica foi considerada excelente em todas as marcas, fator particularmente importante porque o chouriço é, muitas vezes, consumido cru.
Na prova de degustação, os produtos também agradaram aos provadores.
O chouriço de carne extra mantém o sabor que tantos apreciam, mas está longe de ser um alimento equilibrado. A DECO PROteste aconselha a consumi-lo com moderação, preferindo marcas com menor teor de sal e gordura, e lembrando que a qualidade nem sempre acompanha o preço.
É um clássico da gastronomia portuguesa — mas não deve ser presença constante no prato.
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