Os incêndios que afetaram várias regiões do país nas últimas semanas tiveram um impacto “brutal” nas empresas de animação turística e eventos, alertou hoje o presidente da associação do setor, que pede medidas urgentes de apoio.
O presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), António Marques Vidal, disse à agência Lusa que não existem números definitivos sobre o total de empresas afetadas, uma vez que “o setor dos eventos não tem registo formal”, o que dificulta a identificação das empresas e a quantificação dos prejuízos.
“Temos apenas dados dos nossos associados, que não são representativos do universo total”, sublinhou.
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Segundo a associação, o impacto foi “total” nas zonas atingidas pelas chamas, mas também se fez sentir em áreas encerradas por prevenção.
“As empresas que trabalham com produto de natureza foram impedidas de trabalhar na época alta, não por causa do fogo, mas por causa do encerramento preventivo”, referiu.
Entre as atividades mais prejudicadas estão caminhadas, passeios de bicicleta, atividades corporativas ao ar livre e eventos populares, como festas e feiras de verão. Na Beira Interior, várias feiras tradicionais foram canceladas, afetando também setores como hotelaria, restauração e produção cultural
A associação lembra que muitas destas empresas são de pequena dimensão, com pouca capacidade técnica e financeira para aceder a programas complexos.
“Estamos a falar de nano e microempresas, que não têm estrutura para candidaturas exigentes. É preciso que os apoios sejam simples e rápidos”, defendeu António Marques Vidal.
Além das medidas financeiras, a APECATE pede a revisão da legislação que proíbe atividades na natureza durante alertas vermelhos, argumentando que as empresas de animação são também agentes de prevenção.
“Muitas ignições são detetadas por técnicos que estão no terreno e, em alguns casos, conseguem mesmo apagar pequenos focos”, afirmou.
O dirigente considerou ainda que este verão foi particularmente difícil para as empresas do interior, devido à combinação de vegetação densa e vagas de calor.
“Alertámos as autoridades em maio, porque sabíamos que a meteorologia deste ano ia criar condições propícias aos incêndios”, explicou, sublinhando ainda que estas empresas contribuem para a manutenção de trilhos, fundamentais no combate aos fogos.
Portugal continental foi afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão em julho e agosto, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram quatro mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Segundo dados oficiais provisórios, até 23 de agosto arderam cerca de 250 mil hectares no país, mais de 57 mil dos quais só no incêndio que teve início em Arganil.
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