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Região

Empresário de Seia investe na Serra da Estrela para valorizar e revitalizar o setor da pastorícia

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 23-06-2022

A loja que é inaugurada no domingo, na Torre, na Serra da Estrela, dedicada aos produtos da ovelha típica da região, pretende valorizar e revitalizar o setor, disse hoje à agência Lusa o empresário António Quaresma.

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A Torre da Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal continental, vai ter um novo espaço dedicado aos produtos da ovelha bordaleira, que é inaugurado no domingo, pelas 15:30, em homenagem aos pastores da região.

O novo espaço comercial, que ocupa a antiga Casa do Guarda, é uma iniciativa do grupo ‘O Valor do Tempo’, grupo económico com origem em Seia, no distrito da Guarda, e conta com a colaboração e apoio da ANCOSE – Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela, da ESTRELACOOP – Cooperativa de Produtores de Queijo Serra da Estrela e da AASE – Associação de Artesãos da Serra da Estrela.

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O espaço, que criou dez postos de trabalho diretos, salienta a importância da raça bordaleira da Serra da Estrela e evidencia dois dos ciclos que protagoniza: o da lã (com almofadas 100% lã de ovelha bordaleira) e o do queijo (com a comercialização de queijo Serra da Estrela DOP – Denominação de Origem Protegida a 35 euros o quilograma e o pastel de bacalhau com queijo, uma forma encontrada pelo grupo económico para o escoamento do queijo).

O mentor do projeto, o empresário António Quaresma, disse hoje esperar que o modelo aplicado na iniciativa, para além de valorizar a fileira do queijo Serra da Estrela DOP, possa ser “estudado mundialmente” e “olhado como grande modelo de sustentabilidade económica e social”.

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“Qual é o meu objetivo? Quero que o mundo inteiro saiba que é possível pegar num setor de atividade e transformá-lo, apenas, simplesmente, valorizando a base, mais nada”, disse hoje à Lusa o empresário natural de Santa Marinha, Seia.

O espaço integralmente dedicado aos pastores da Serra da Estrela visa prestar-lhes uma homenagem “há muito merecida” e “na mais simbólica das localizações: a Torre”.

O projeto surgiu “tendo em conta a redução dos recursos naturais, que ultrapassa a capacidade de regeneração dos ecossistemas, e a necessidade de assegurar a continuidade da profissão e da raça da ovelha bordaleira”, lembram os promotores.

Na opinião do empresário, o problema do queijo, das ovelhas e da pastorícia da Serra da Estrela coloca-se porque “nunca ninguém respeitou quem deveria respeitar, que são os pastores”.

“Agora, como é que se respeitam os pastores?”, questiona, respondendo que “é com objetividade”, ou seja, “é valorizar a matéria-prima que eles têm”.

“Se nós valorizarmos, à partida, a matéria-prima, o problema está resolvido, porque, depois, é uma cadeia positiva. Agora, se pagarem mal pela matéria-prima, que foi isso que sempre fizeram, é inércia atrás de inércia. E, das 250 mil ovelhas que havia há 30 ou 40 anos, só já há 25 mil. E, por este andar, acabavam rapidamente. E o que é que nós queremos fazer com isto? É inverter o ciclo e, se calhar, daqui a 10 anos, voltarem a existir as 250 mil ovelhas, porque, na realidade, o que nós queremos é provar que a pastorícia pode ser um grande negócio”, justifica.

Com a iniciativa, acrescentou, pretende-se “quase que provocar os grandes investidores que, se investirem num rebanho de ovelhas na Serra da Estrela, ele é muito mais verdadeiro, porque não estão sujeitos a nenhuma especulação e já sabem, à partida, quanto vão ganhar (com a matéria-prima das ovelhas: o leite, a lã e a carne)”.

No caso da lã, “ninguém dava nada” pelo produto, mas as ovelhas têm que ser tosquiadas e os produtores “ainda perdiam dinheiro”.

Perante a situação, o empresário decidiu valorizar o produto. Comprou a lã de todas as ovelhas da região (23.419) e produziu almofadas que foram cheias com a mesma matéria-prima.

“Feitas as contas, o produto que saiu desses famosos dois euros, à partida, pela lã paga ao pastor, é uma obra de arte. Então, para este ano da tosquia de 2021, fizemos 23.419 almofadas”, contou.

Cada almofada tem um ano desde 1922 para que as pessoas possam levar o ano com que mais se identificam.

“E fizemos uma obra de arte. (…) Não há uma almofada igual no mundo. Quem adquirir uma almofada, fica com arte para a vida inteira”, garante.

António Quaresma também lembrou que assinou, há sete anos, um contrato com a cooperativa Estrelacoop para aquisição de queijo Serra da Estrela DOP para associar a pastéis de bacalhau e já foram vendidos sete milhões e 200 mil pastéis, o que corresponde a mais de 200 toneladas de queijo.

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