Coimbra

Empresa de Coimbra usa linguagem para investimentos mais informados

Notícias de Coimbra | 10 meses atrás em 13-07-2023

A Xpertfy, empresa incubada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, desenvolve uma tecnologia que procura detetar padrões e variações na linguagem para contribuir para decisões de investimento mais informadas e precisas.

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A empresa, cuja tecnologia começou a ser desenvolvida em 2021, opera na área das finanças, apresentando um produto que pretende ajudar instituições financeiras, como fundos de investimento, a tomarem decisões mais esclarecidas, através da utilização de inteligência artificial para processamento de linguagem, referiu o Instituto Pedro Nunes (IPN), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A tecnologia analisa grandes volumes de texto, podendo detetar padrões e variações na linguagem, definir tópicos e identificar sentimentos, sugerindo tendências ou até possíveis problemas financeiros de empresas onde fundos e outras instituições pretendem investir, explicou.

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“Queremos desenvolver e escalar a empresa, a partir de Coimbra. O nosso objetivo é ter pelo menos dez pessoas no IPN até ao final do ano e, no próximo ano, entre 25 e 50”, disse à agência Lusa Felipe Nesi, diretor executivo da Xpertfy.

A tecnologia, que já está no mercado e que já gera receita, sobretudo com fundos do Brasil, analisa extensos volumes de texto, que tanto podem ser documentos públicos de empresas (como relatórios de contas ou comunicações a acionistas), como intervenções dos seus responsáveis, entrevistas de especialistas com antigos membros das empresas ou ‘podcasts’ onde esses mesmos especialistas (que servem como uma espécie de consultores em investimentos em determinadas empresas ou mercados) discutem tendências e riscos.

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“A tecnologia analisa sentimentos e as suas variações aos longo dos textos e identifica padrões e tópicos”, aclarou o responsável, que referiu que, por enquanto, o produto está desenhado para inglês, mas, face à mudança para Coimbra, a empresa quer desenvolver uma parceria com a Universidade para desenvolver o mesmo trabalho com recurso à língua portuguesa.

Felipe Nesi, que trabalhou durante muitos anos na indústria financeira, sublinha que a indústria de especialistas que “vendem conhecimento” e informação sobre mercados ou empresas que permitem aos fundos de investimento tomar melhores decisões é “muito poderosa”.

“Parece uma coisa de nicho, mas essas redes de especialistas faturam milhões. Se eu sou um fundo de investimento e quero investir numa determinada empresa ou num mercado eu preciso de informação e conhecimento. Essas redes, basicamente, vendem conhecimento privilegiado”, sustentou.

No caso da Xpertify, a tecnologia analisa ‘podcasts’, entre outro material, desses mesmos especialistas e tratam a informação, para dar indicadores do mercado.

“Temos dois concorrentes, mas que disponibilizam 20 ou 30 mil conversas [de especialistas com fontes privilegiadas] na sua plataforma e tem de se pagar muito dinheiro para se ter acesso. Mas ninguém vai conseguir digerir essa informação. A nossa tecnologia permite digerir esse volume gigante de dados e dar elementos que permitam entender como é que determinado assunto evoluiu ao longo do tempo”, vincou.

Felipe Nesi dá o exemplo de uma empresa, com dificuldade em entrar no mercado europeu e, ao invés, de um determinado investidor ir ouvir ou ler várias entrevistas ou conversas que permitam tomar uma decisão, a Xpertify, através de processos de inteligência artificial dá “uma visão do agregado”.

Se por agora as fontes são de acesso gratuito (ou com base num sistema de partilha da receita com o seu criador) e produzidas apenas por terceiros, Felipe Nesi antevê que o futuro possa ser diferente.

“Será como a Netflix. Ao início, apenas agregava informação de terceiros. No futuro, poderemos tornar-nos em produtor de conteúdo próprio”, constatou.

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