“É um desafio e tanto, sabem? É como tentar vender bilhetes para um concerto dos Nickelback em Portugal.” Foi assim, entre humor e realismo, que Joel Costa, do Gabinete de Comunicação e Imagem da União das Mutualidades Portuguesas (UMP), apresentou o convite à Comunicação Social para o 14.º Encontro Nacional de Dirigentes Mutualistas, que decorre esta sexta-feira, 24 de outubro, na Casa da Mutualidade, em Coimbra.
A provocação fez sorrir. Afinal, falar de mutualidades — esse setor que muitos confundem com seguros e que outros acham que ficou esquecido no tempo da monarquia — não costuma arrancar gargalhadas.
Mas Joel Costa insiste: “A minha mãe ainda não percebe bem o que eu faço, e o meu médico pergunta-me sempre como estão as coisas ‘lá naquilo dos seguros’. Mas é importante: falamos de um milhão de associados e 2,5 milhões de beneficiários, o que corresponde a um quarto da população portuguesa. E o setor movimenta mais de 327 milhões de euros.”
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Nada mau para algo que, como o próprio reconhece, “parece saído do tempo da monarquia” — mas que continua a apoiar milhões de portugueses nas áreas da saúde, proteção social, envelhecimento ativo e educação. “Temos instituições centenárias e origens que remontam a 1176. É verdade, saiu num estudo”, brinca o porta-voz.
O encontro em Coimbra, subordinado ao tema “Mutualidades em Ação – Experiências, Desafios e Oportunidades”, reúne dirigentes de todo o país para debater projetos inovadores e partilhar histórias inspiradoras. E, claro, para tomar um pequeno-almoço especial servido pelos utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra — “não é coisa de se perder”, garantem os organizadores.
Durante a sessão de abertura, Alberto Silva, presidente da UMP, sublinhou o peso histórico e a vitalidade do movimento: “Temos uma história de 800 e tal anos. Resistimos a duas guerras mundiais, à peste espanhola e à Covid. O mutualismo é uma força útil para a sociedade. Onde outros veem problemas, nós criamos soluções.”
O responsável lembrou que “vivemos tempos desafiadores — envelhecimento populacional, desigualdades na saúde, isolamento — mas é precisamente nesses momentos que o mutualismo ganha força”. E deixou um apelo à ação: “Não somos seguidores. Somos atores. Protagonistas e visionários. O mutualismo não morrerá se nós não deixarmos que isso aconteça.”
Já Martins de Oliveira, presidente d’A Previdência Portuguesa, reforçou a importância de trabalhar em rede: “Ou trabalhamos juntos ou, a prazo, enfrentaremos obstáculos sérios. Não podemos ficar fechados na nossa concha. Temos de criar sinergias, envolver os jovens e divulgar o espírito mutualista, que é social, não político.”
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