Coimbra

Elísio Estanque diz que Estudantes estão menos participativos nos momentos de viragens políticas

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 23-03-2014

 O sociólogo Elísio Estanque lamentou hoje que os estudantes estejam menos participativos nos momentos de viragens políticas, ao contrário do que aconteceu ao longo do século XX em que estavam na vanguarda dos acontecimentos decisivos para o país.

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“A juventude estudantil tem estado nos momentos decisivos das grandes ruturas e viragens políticas, por isso, custa-me muito entender esta relativa apatia que notamos em Portugal nesse domínio”, disse à agência Lusa o sociólogo, na véspera de se assinalar o Dia Nacional do Estudante.

O investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que fez um retrato da evolução do movimento estudantil nas últimas décadas em Portugal, afirmou que ao longo da história do século XX o movimento estudantil “esteve na vanguarda das principais mudanças e viragens”.

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Nesse sentido, defendeu, o papel das universidades e dos estudantes teria de ser “considerado neste processo de mudança” que Portugal tem vivido.

“Infelizmente, as instituições e, em particular, os partidos políticos têm incutido junto dos setores mais jovens uma lógica carreirista, seguidista que vai ao arrepio daquilo que era necessário”, lamentou.

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Para o investigador, era necessário “mais cultura cívica, mais cultura política, mais sentido de reflexão, capacidade crítica, pensamento crítico, aposta na ciência e aposta no papel da universidade na sua relação com a sociedade em geral”.

Ao longo da sua história com mais de 800 anos, a Universidade foi “formadora das elites”.

“A universidade não é apenas uma instituição para criação de profissões e para uma formação técnica, sempre foi formadora das elites e, neste momento, o poder instituído quer marginalizar as universidades e está a pô-las de lado completamente, incluindo o esvaziamento das políticas científicas”, sublinhou.

“Infelizmente, os partidos políticos e as suas ‘jotas’ também não têm conseguido, nem mostrado vontade de responder de uma forma criativa a esta situação e, de certo modo, estão à margem neste debate à volta das universidades”, lamentou.

Aludindo à discussão em torno das praxes e das culturas estudantis, Elísio Estanque afirmou que associações participam porque “são forçadas a isso”.

“Eu acho que se deviam ter antecipado e deviam ter sido elas a prevenir situações que agora assumem contornos dramáticos nalguns casos”, frisou, referindo-se à morte de seis estudantes da Universidade Lusófona na praia do Meco.

O investigador adiantou que há mais de 20 anos que o Centro de Estudos Sociais está a estudar estes fenómenos e “a alertar para vários destes aspetos relacionados com o movimento estudantil e as universidades”.

“Infelizmente é preciso que aconteçam desgraças para que as entidades responsáveis abram os olhos e fiquem mais alertadas”, disse, esperando que o debate em torno das praxes ajude a perceber estes fenómenos.

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