Justiça

EDP: Ex-administrador do BPI diz que crédito de Manuel Pinho “seguiu o processo normal”

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 meses atrás em 07-12-2023

O ex-administrador do BPI António Domingues garantiu hoje em tribunal que o crédito imobiliário concedido pelo banco ao antigo ministro da Economia Manuel Pinho por um prédio em Lisboa “seguiu o processo normal” e sem interferências externas.

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Na sessão do julgamento do Caso EDP, no Juízo Central Criminal de Lisboa, António Domingues assumiu lembrar-se de Manuel Pinho ter comentado que tinha comprado um edifício em Campo de Ourique e que lhe perguntou se podia ter um crédito no banco, tendo o então administrador executivo do BPI encaminhado o caso para a área de crédito a particulares.

“Disse-lhe para ir ao balcão apresentar os elementos e o processo seguiu. Eu era responsável pela atividade internacional e gestão financeira do banco, mas não tinha o crédito a particulares. Apenas dei conhecimento porque era alguém que eu conhecia. O crédito seguiu o processo normal”, frisou, continuando: “Informei o meu colega na comissão executiva que ia entrar um pedido de crédito e nunca mais falámos disso”.

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Questionado sobre o facto de Manuel Pinho não ter feito o crédito junto do BES, onde tinha trabalhado, António Domingues – que foi posteriormente presidente da CGD e é atualmente administrador não executivo no Banco CTT – disse que o ex-governante apenas indicou que “tinha conveniência em ter o crédito no BPI”, sem dar mais detalhes.

De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), o crédito do BPI visou permitir ao ex-ministro e à sua mulher, Alexandra Pinho, não movimentarem o dinheiro recebido do Grupo Espírito Santo quando Manuel Pinho já estava no Governo de José Sócrates, a fim de “não levantar suspeitas sobre a origem ilícita desses montantes”.

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“Nunca tive nenhuma intervenção nisso. Era com os serviços do banco que tinham competência [para o crédito]”, reiterou António Domingues.

Já sobre a conduta de Manuel Pinho em relação ao grupo espanhol La Seda, António Domingues frisou não ter detetado uma movimentação especial do Governo, além de não se recordar de qualquer envolvimento do BES ou do BPI nesse dossiê, sublinhando que a sua preocupação passou pela grande exposição financeira que a CGD tinha relativamente a essa empresa e que veio a gerar perdas para o banco público.

António Domingues reconheceu também que “era ‘vox populi’ que no BES havia essa prática de remunerações” não declaradas no estrangeiro para os altos quadros da instituição então liderada por Ricardo Salgado, mas que não tinha à data maneira de o demonstrar. Elogiou ainda o desempenho da área financeira do BES sob a liderança de Manuel Pinho até 2004, confessando “alguma inveja” pelos resultados.

Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

A sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento.

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