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“Doutores ricos” recusam vacinar filhos.

Notícias de Coimbra | 6 minutos atrás em 01-11-2025

Os pais que recusam vacinar as crianças em Portugal pertencem sobretudo a uma faixa da população “muito escolarizada”, com elevado poder económico, e consideram-se “os peritos da saúde dos filhos”, preferindo medicinas alternativas, revela um estudo europeu.

Os investigadores alertam que, ainda que minoritária, a hesitação vacinal pode comprometer significativamente a imunidade populacional, constituindo um desafio complexo.

Foi neste contexto que foi realizado o projeto VAX-TRUST, que decorreu em Portugal, na Finlândia, Bélgica, Polónia, República Checa, Itália e Reino Unido, que visou compreender o adiamento ou recusa da vacinação e melhorar a interação entre profissionais de saúde e pais hesitantes, disse à Lusa Ana Patrícia Hilário, uma das coordenadoras nacionais do estudo.

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Segundo a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o estudo foi maioritariamente qualitativo, com entrevistas a profissionais de saúde e pais hesitantes, concluindo que a hesitação vacinal em Portugal é “um fenómeno multifacetado, atravessado por dinâmicas sociais, culturais, relacionais e simbólicas”.

O retrato dos pais que recusam ou adiam vacinas revela “uma população muito escolarizada, com ensino superior, e com capital financeiro e económico relativamente elevado”.

“Acaba por ser um fenómeno muito circunscrito a uma classe média-alta e alta, uma franja da sociedade portuguesa”, afirmou.

Segundo a investigadora, estes pais tinham um perfil muito idêntico: Rejeitam o processo de medicalização da infância e evitam o contacto com a medicina convencional, preferindo medicinas alternativas e complementares, sobretudo nos primeiros anos de vida.

Há também “um grande afastamento” do Serviço Nacional de Saúde, exceto em casos de urgência da criança, recorrendo a médicos para acompanhar os filhos alinhados com as suas a crenças.

As escolhas estendem-se a outros domínios: “Preferência pela amamentação prolongada”, adiamento da entrada na escola e ensino doméstico, além de modelos educativos alternativos em detrimento da escola pública.

Ana Hilário salientou que estes pais têm “uma crença muito enraizada” que a imunidade pode ser adquirida de forma natural e que o seu estilo de vida protege as crianças.

Contudo, alerta, podem colocar em risco a saúde de outras crianças por não estarem vacinadas.

Apesar dos casos importados de sarampo registados em Portugal, “não manifestam receio” e mantêm a convicção que a imunidade vai ser adquirida de forma natural.

Ana Hilário salientou que as autoridades devem encarar com “alguma preocupação” a vacinação contra a hepatite, porque “a grande fatia destes pais” recusam-na e não compreendem porque é administrada às crianças.

A sua convicção sobrepõe-se à evidência cientifica dos benefícios da vacinação, um fenómeno verificado noutros países.

“Tem a ver também com outros modelos de pensamento sobre a saúde, sobre a doença, e porque estes pais consideram que são os peritos da saúde dos seus filhos”, acreditam ter um conhecimento quase científico, colocando em causa diretrizes das organizações e dos profissionais de saúde, salientou.

Segundo a investigadora, a grande maioria destes pais não consulta os profissionais de saúde e acabam por tomar estas decisões.

O estudo concluiu ainda que o perfil dos pais hesitantes se repete na população imigrante.

Embora existam casos de atrasos por constrangimentos económicos ou legais, “uma grande parte dos que não vacinam acabam por ser os imigrantes mais escolarizados, provenientes de certas partes do globo (…) e com capital económico bastante elevado”.

Segundo a investigadora, não há dados suficientes para afirmar que a hesitação está a crescer em Portugal, mas tem vindo a aumentar na Europa.

Apesar da elevada taxa de cobertura vacinal em Portugal, Ana Hilário defendeu uma atuação precoce, observando que “os pais que recusam vacinar os filhos muito dificilmente voltam atrás na sua decisão”.

“É fundamental agir sobre os pais que têm dúvidas ou eventualmente adiam a vacinação”, sustentou.

O projeto defende ser fundamental melhorar a interação entre os pais e os profissionais de saúde, através da adoção de outro tipo de estilo de comunicação.

“Passar-se de um estilo de comunicação um pouco paternalista para uma comunicação muito mais aberta (…) e motivacional”, dando espaço aos pais para exporem as suas dúvidas e receberem informação adequada para compreenderem que “a vacinação é essencial para a promoção da saúde dos seus filhos e das restantes crianças e da população em geral”, defendeu.

Segundo a investigadora, a Covid-19 veio acentuar a hesitação vacinal, havendo informação muito dispersa e diversa e uma “condenação social muito forte” sobre quem não vacinava. Isso levou essas pessoas a aproximarem-se dos seus pares, reforçando as redes entre pais que partilhavam estas convicções.

 Os pais que recusam vacinar as crianças em Portugal pertencem sobretudo a uma faixa da população “muito escolarizada”, com elevado poder económico, e consideram-se “os peritos da saúde dos filhos”, preferindo medicinas alternativas, revela um estudo europeu.

Os investigadores alertam que, ainda que minoritária, a hesitação vacinal pode comprometer significativamente a imunidade populacional, constituindo um desafio complexo.

Foi neste contexto que foi realizado o projeto VAX-TRUST, que decorreu em Portugal, na Finlândia, Bélgica, Polónia, República Checa, Itália e Reino Unido, que visou compreender o adiamento ou recusa da vacinação e melhorar a interação entre profissionais de saúde e pais hesitantes, disse à Lusa Ana Patrícia Hilário, uma das coordenadoras nacionais do estudo.

Segundo a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o estudo foi maioritariamente qualitativo, com entrevistas a profissionais de saúde e pais hesitantes, concluindo que a hesitação vacinal em Portugal é “um fenómeno multifacetado, atravessado por dinâmicas sociais, culturais, relacionais e simbólicas”.

O retrato dos pais que recusam ou adiam vacinas revela “uma população muito escolarizada, com ensino superior, e com capital financeiro e económico relativamente elevado”.

“Acaba por ser um fenómeno muito circunscrito a uma classe média-alta e alta, uma franja da sociedade portuguesa”, afirmou.

Segundo a investigadora, estes pais tinham um perfil muito idêntico: Rejeitam o processo de medicalização da infância e evitam o contacto com a medicina convencional, preferindo medicinas alternativas e complementares, sobretudo nos primeiros anos de vida.

Há também “um grande afastamento” do Serviço Nacional de Saúde, exceto em casos de urgência da criança, recorrendo a médicos para acompanhar os filhos alinhados com as suas a crenças.

As escolhas estendem-se a outros domínios: “Preferência pela amamentação prolongada”, adiamento da entrada na escola e ensino doméstico, além de modelos educativos alternativos em detrimento da escola pública.

Ana Hilário salientou que estes pais têm “uma crença muito enraizada” que a imunidade pode ser adquirida de forma natural e que o seu estilo de vida protege as crianças.

Contudo, alerta, podem colocar em risco a saúde de outras crianças por não estarem vacinadas.

Apesar dos casos importados de sarampo registados em Portugal, “não manifestam receio” e mantêm a convicção que a imunidade vai ser adquirida de forma natural.

Ana Hilário salientou que as autoridades devem encarar com “alguma preocupação” a vacinação contra a hepatite, porque “a grande fatia destes pais” recusam-na e não compreendem porque é administrada às crianças.

A sua convicção sobrepõe-se à evidência cientifica dos benefícios da vacinação, um fenómeno verificado noutros países.

“Tem a ver também com outros modelos de pensamento sobre a saúde, sobre a doença, e porque estes pais consideram que são os peritos da saúde dos seus filhos”, acreditam ter um conhecimento quase científico, colocando em causa diretrizes das organizações e dos profissionais de saúde, salientou.

Segundo a investigadora, a grande maioria destes pais não consulta os profissionais de saúde e acabam por tomar estas decisões.

O estudo concluiu ainda que o perfil dos pais hesitantes se repete na população imigrante.

Embora existam casos de atrasos por constrangimentos económicos ou legais, “uma grande parte dos que não vacinam acabam por ser os imigrantes mais escolarizados, provenientes de certas partes do globo (…) e com capital económico bastante elevado”.

Segundo a investigadora, não há dados suficientes para afirmar que a hesitação está a crescer em Portugal, mas tem vindo a aumentar na Europa.

Apesar da elevada taxa de cobertura vacinal em Portugal, Ana Hilário defendeu uma atuação precoce, observando que “os pais que recusam vacinar os filhos muito dificilmente voltam atrás na sua decisão”.

“É fundamental agir sobre os pais que têm dúvidas ou eventualmente adiam a vacinação”, sustentou.

O projeto defende ser fundamental melhorar a interação entre os pais e os profissionais de saúde, através da adoção de outro tipo de estilo de comunicação.

“Passar-se de um estilo de comunicação um pouco paternalista para uma comunicação muito mais aberta (…) e motivacional”, dando espaço aos pais para exporem as suas dúvidas e receberem informação adequada para compreenderem que “a vacinação é essencial para a promoção da saúde dos seus filhos e das restantes crianças e da população em geral”, defendeu.

Segundo a investigadora, a Covid-19 veio acentuar a hesitação vacinal, havendo informação muito dispersa e diversa e uma “condenação social muito forte” sobre quem não vacinava. Isso levou essas pessoas a aproximarem-se dos seus pares, reforçando as redes entre pais que partilhavam estas convicções.

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