Dormir com o telemóvel na mesa de cabeceira pode estar a destruir o teu descanso. Quase toda a gente já substituiu o despertador clássico pelo smartphone. É prático, ocupa pouco espaço e ainda permite personalizar alarmes com músicas ou playlists.
Mas aquilo que parece uma solução simples pode estar a ter consequências sérias no sono, na saúde e até na produtividade diária. O hábito de deixar o telemóvel ao lado da cama tornou-se praticamente universal, e é precisamente por isso que o problema passa despercebido. No entanto, cada vez mais estudos mostram que esta rotina tem efeitos que vão muito além do famoso “clicar no snooze de manhã”.
O telemóvel substituiu com facilidade o rádio-relógio ou o despertador tradicional, porque está sempre por perto, funciona como lanterna, mostra as horas e, além disso, permite personalizar sons de alarme. Essa versatilidade, que à primeira vista parece vantajosa, é também aquilo que transforma o dispositivo num inimigo silencioso do descanso. Mesmo em repouso, muitos telemóveis emitem pequenas luzes, seja de notificações, carregamento ou ecrãs sempre ligados. Essa exposição à chamada luz azul atrasa a produção de melatonina, a hormona que regula o sono profundo, tornando o adormecer mais difícil e o descanso menos reparador, dá conta o Leak.
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Outro problema é a dependência das notificações. Ter o telemóvel ao lado da cama aumenta a tentação de espreitar mensagens e redes sociais antes de dormir ou até durante a noite. Quantas vezes disseste “vou só ver uma coisa” e acabaste a perder meia hora no Instagram ou no WhatsApp? Essa vigilância constante mantém o cérebro em estado de alerta e reduz a capacidade de relaxar. Além disso, mesmo quando não acordas totalmente, vibrações e sons podem fragmentar o sono, interrompendo ciclos profundos. O resultado é acordar cansado, mesmo depois de várias horas na cama.
O botão snooze do telemóvel é outro inimigo. Ao adiar o alarme sucessivamente, o corpo entra em ciclos de sono falsos e fragmentados que não trazem descanso verdadeiro. Em vez de acordar com energia, a sensação é de moleza e fadiga. Há ainda a questão da exposição prolongada às radiações dos dispositivos. Embora os níveis estejam dentro dos limites legais, especialistas aconselham não manter o telemóvel tão próximo do corpo durante horas seguidas, já que isso aumenta a exposição de forma desnecessária.
Vários estudos confirmam estes riscos. Investigadores da Harvard Medical School concluíram que usar telemóveis ou tablets antes de dormir pode atrasar até uma hora o início do sono profundo. A Organização Mundial da Saúde já classificou a exposição excessiva à luz azul como um dos principais fatores de perturbação do ciclo circadiano. Em experiências realizadas com jovens adultos, verificou-se que aqueles que dormiam sem o telemóvel no quarto reportavam uma qualidade de sono superior e menos despertares noturnos.
A boa notícia é que este hábito pode ser corrigido facilmente. Voltar a usar um despertador clássico é uma solução simples e eficaz. Hoje existem modelos digitais com sons da natureza ou luz gradual que simulam o nascer do sol. Para quem não consegue abdicar do telemóvel no quarto, uma alternativa é ativar o modo “não incomodar” ou deixá-lo a carregar longe da cama, de forma a evitar a tentação de mexer nele antes de adormecer. Também ajuda evitar o snooze e escolher alarmes progressivos, além de criar rotinas noturnas que preparem o corpo para o descanso, como ler um livro, ouvir música calma ou usar luzes quentes em vez do brilho do ecrã.
A longo prazo, manter o telemóvel como despertador pode parecer inofensivo, mas traduz-se em maior risco de insónias crónicas, cansaço acumulado, menor produtividade, dificuldades de concentração e memória e ainda maior dependência digital. Tudo isto por causa de um hábito que pode ser corrigido de forma simples. Usar o telemóvel como despertador é um dos erros mais comuns e também um dos mais prejudiciais para a qualidade do sono. O melhor mesmo é deixá-lo longe da cama e voltar ao clássico despertador.
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