A exposição à luz durante a noite — mesmo que breve ou fraca — pode aumentar significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
A conclusão é de um estudo de larga escala, o maior realizado até à data sobre o impacto da luminosidade noturna na saúde cardíaca, publicado recentemente na plataforma científica medRxiv.
Durante oito anos, os investigadores acompanharam cerca de 89 mil pessoas sem histórico de doenças cardíacas, recorrendo a sensores que registavam níveis de luz ambiente, natural ou artificial — incluindo a emitida por telemóveis ou outros ecrãs. Os resultados são claros: os participantes expostos a mais luz durante a noite apresentaram entre 23% e 56% mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares do que aqueles que dormiam em ambientes escuros.
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Segundo a revista New Scientist, a explicação reside nos ritmos circadianos, os “relógios internos” do corpo humano que regulam processos fisiológicos essenciais. A luz, especialmente à noite, perturba esses ritmos, afetando o funcionamento do organismo e aumentando a vulnerabilidade a diversas patologias — entre as quais se incluem as doenças do coração.
Este efeito foi observado independentemente de outros fatores de risco como idade, sexo, tabagismo, genética, qualidade ou duração do sono. As mulheres parecem ser mais sensíveis à luz intensa durante a noite, segundo o mesmo estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Flinders, na Austrália.
Daniel Windred, líder da investigação, deixou conselhos práticos: “Escolha um intervalo de tempo em que normalmente está a dormir e proteja a escuridão desse intervalo todas as noites. Se se levantar durante a noite, utilize uma iluminação ténue e quente e evite acender as luzes brilhantes do teto.”
Com este estudo, fica reforçada a importância de espaços de descanso mais escuros e ambientes noturnos menos iluminados, especialmente para quem vive em zonas urbanas ou trabalha por turnos. A luz pode ser sinónimo de vida — mas, à noite, pode estar a encurtá-la.
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