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Doentes não encaram a hipertensão como uma “verdadeira doença”

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 05-02-2016

Investigadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Beatriz de Oliveira Xavier, quis saber o que é viver com uma afeção que já se manifesta em 42% da população portuguesa

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 beatriz xavier

A generalidade das pessoas hipertensas não encara a hipertensão arterial como uma “verdadeira doença”, considerando-a, sobretudo, resultado do «envelhecimento e dos excessos que se acumularam no corpo, consequentes da própria vida», conclui um estudo desenvolvido por uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), que teve por base entrevistas a 40 doentes com esta afeção.

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A investigadora, Beatriz de Oliveira Xavier, que recentemente prestou provas de doutoramento em Sociologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (com a tese “Entre o fazer e o dever: lógicas e práticas dos doentes hipertensos”), constatou, ainda, que a finalidade com que estes doentes – utentes da consulta de hipertensão arterial – recorrem à consulta se prende com o “ir buscar receitas”, ou com o “mostrar resultados de exames”.

Mais: «a consulta parece ser usada pelos doentes, não para reforço da sua autonomia pessoal, mas colocando no médico a responsabilidade de estabelecer o controlo» e «de vigiar», refere a professora Beatriz Xavier.

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No âmbito desta investigação qualitativa, assente em entrevistas em profundidade aos utentes da consulta de hipertensão arterial numa Unidade de Cuidados de Saúde Primários Personalizados de Coimbra (a maioria dos quais entre os 60 e os 69 anos, num intervalo de idade que vai dos 41 aos 82 anos), verificou-se, também, que «o cumprimento da medicação não é simples» e que «os doentes manifestam forte desagrado face ao consumo de fármacos».

«Contudo, há uma enorme confiança na toma do comprimido como sendo essencial e o necessário para ter a hipertensão arterial controlada», observa a investigadora da ESEnfC.

Já quanto ao cumprimento de dietas alimentares e da prática de exercício físico, ele «é geralmente submetido a outras prioridades ou circunstâncias de vida das pessoas», como sejam a «dificuldade de conciliação com a atividade profissional, com a falta de tempo e com a vida familiar», o «gosto e hábitos alimentares instalados», o «facto de existir uma dimensão de comensalidade como prática social, de comer bem ser comer muito» e da «dimensão simbólica de certos alimentos, como o pão, ou o vinho», salienta Beatriz Xavier.

Neste estudo, a professora da ESEnfC pretendeu «recolher a perspetiva singular das pessoas com hipertensão nas formas como descrevem a doença, como esta se apresenta nos seus quotidianos e como estas pessoas engendram ações de cuidado de si. De uma forma simples, podemos dizer que procurei saber o que é viver com hipertensão arterial», conclui Beatriz Xavier.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (documento “A saúde dos portugueses. Perspetiva 2015”), estudos recentes indicam que a prevalência de hipertensão arterial na população adulta permanece alta: afeta cerca de 42% dos portugueses (44% em homens e 40% em mulheres).

«A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco modificável para as doenças do aparelho circulatório (acidente vascular cerebral e doença isquémica do coração), que são a primeira causa de morte em Portugal», lê-se no mesmo relatório.

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