O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) alertou hoje que a hepatite viral crónica afeta cinco milhões de pessoas na Europa e pediu às autoridades de saúde que reforcem o seu combate.
Em comunicado no Dia Mundial contra a Hepatite, o ECDC indica que os seus dados revelam “um desafio significativo para a saúde pública” na União Europeia / Espaço Económico Europeu (UE/EEE, inclui também a Noruega, Islândia e Liechtenstein).
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A hepatite viral é uma inflamação do fígado provocada por um vírus, sendo os mais comuns na Europa os tipos A, B, C, D e E. Os sintomas podem ser semelhantes, dependendo a gravidade da doença e a sua duração do vírus que a provocou.
As estimativas recentes do organismo apontam que 3,2 milhões vivem na UE/EEE com hepatite B crónica e 1,8 milhões com hepatite C crónica, “infeções que são as principais causas de doença hepática e cancro”, e que a maioria o desconhece.
As hepatites B e C resultam do contacto com fluidos corporais infetados, “através de exposição sexual não protegida ou de equipamento de injeção contaminado”, podendo evoluir para uma infeção crónica.
“Na UE/EEE, as hepatites B e C estão associadas a cerca de 50.000 mortes por ano – 15.000 relacionadas com a hepatite B e 35.000 relacionadas com a hepatite C – e as mortes por cancro do fígado devido a hepatites virais continuam a aumentar”, refere o comunicado.
A situação é mais grave porque “a investigação sugere que mais de 65% das pessoas com hepatite B e 62% das pessoas com hepatite C ainda não foram diagnosticadas e, portanto, não recebem tratamento, o que as coloca em alto risco de desenvolver doença hepática crónica e cancro do fígado”.
A doença pode ir danificando o fígado durante anos sem causar sintomas, sendo “o diagnóstico precoce e a ligação aos cuidados essenciais para interromper a cadeia de transmissão e prevenir mortes evitáveis”.
“No Dia Mundial da Hepatite, devemos sublinhar a importância crucial de intensificar os esforços para prevenir e controlar a hepatite viral. A hepatite crónica leva a 50.000 mortes evitáveis por ano, e o número de mortes por cancro do fígado está a aumentar. As medidas de prevenção, como a vacinação, o melhor acesso a testes e o acesso precoce a cuidados para os indivíduos diagnosticados com a infeção, são essenciais para uma Europa mais saudável e resiliente”, afirma Marieke van der Werf, do ECDC, citada no comunicado.
O organismo assinala ainda que os dados atuais mostram que a UE/EEE “não está no bom caminho” para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2030, que estabeleceu como metas em relação à hepatite viral “diagnosticar 90% das pessoas que vivem com hepatite B e C crónicas, tratar 80% das pessoas elegíveis, reduzir novas infeções em 90% e diminuir as mortes relacionadas com a hepatite em 65%”.
O relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV) 2025, apresentado na semana passada, destaca as melhorias registadas na recolha e integração de dados sobre as hepatites virais em Portugal, com aumento significativo nas notificações de hepatite A, B e C, refletindo uma melhor articulação entre notificações clínicas e laboratoriais.
Indica ainda um aumento na realização de testes de rastreio e na prescrição da ALT [Alanina Aminotransférase] nos cuidados de saúde primários, o que contribui para uma avaliação mais ampla da saúde hepática.
Segundo o relatório, registaram-se menos internamentos por hepatite C crónica – cujos tratamentos ultrapassaram os 36.300 com taxas de cura acima de 97% – e um aumento do número de transplantes hepáticos, com queda nos casos associados a hepatites B e C.
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