Um tipo muito raro de cancro, o do apêndice, está a aumentar de forma preocupante entre as gerações mais jovens, sem que os especialistas consigam explicar a causa.
Investigadores nos EUA revelam que os membros da Geração X e os Millennials têm entre três a quatro vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com cancro do apêndice do que as gerações mais velhas. Historicamente, esta doença afetava quase exclusivamente pessoas idosas, mas hoje 1 em cada 3 casos surge em pessoas com menos de 50 anos.
O apêndice, uma pequena estrutura ligada ao intestino que durante muito tempo foi considerado vestigial, desempenha funções ainda pouco compreendidas. A inflamação do apêndice (apendicite) é a complicação mais comum, e em raras situações, o cancro é descoberto durante a cirurgia, refere o Science Alert.
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Os sintomas do cancro do apêndice — dor abdominal, inchaço ou dor pélvica — são facilmente confundidos com problemas digestivos ou com cancro colorretal, o que dificulta o diagnóstico precoce. Nos EUA, há cerca de 3.000 casos anuais, muito abaixo dos 150.000 casos de cancro colorretal.
Segundo a epidemiologista Andreana Holowatyj, da Universidade de Vanderbilt, que liderou recentes estudos sobre o tema, os casos triplicaram entre americanos nascidos entre 1976 e 1984 e quadruplicaram entre os nascidos entre 1981 e 1989. Ainda não se sabe ao certo o motivo, mas fatores como alterações na dieta, menor atividade física, poluição química e fatores genéticos podem estar envolvidos.
Os tumores do apêndice diferem do cancro colorretal, apresentam sinais e padrões de propagação distintos e respondem de forma diferente à quimioterapia habitual. Isto torna o tratamento mais complexo e reforça a importância de um diagnóstico precoce.
Outros especialistas, como o cirurgião oncológico Steven Ahrendt, da Universidade do Colorado, alertam que o aumento do cancro em jovens é uma tendência observada em outros tumores gastrointestinais, como o do cólon, sugerindo que fatores semelhantes podem estar em causa.
Holowatyj e a sua equipa vão continuar a estudar quem está mais em risco e quais os fatores que contribuem para este aumento. Os resultados destes estudos foram publicados nas revistas Gastroenterology e Annals of Internal Medicine.
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