Doença do sono não é apenas um distúrbio do sono

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 04-01-2018

Uma equipa internacional de cientistas, incluindo a portuguesa Luísa Figueiredo, concluiu numa experiência com ratinhos que a doença do sono, uma doença infecciosa letal em África, não é apenas um distúrbio do sono.

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Segundo o estudo, publicado na revista Nature Communications, a Tripanossomíase Humana Africana, vulgarmente conhecida como doença do sono, “resulta de um distúrbio do ritmo circadiano, causado pela aceleração dos relógios biológicos que controlam diversas funções vitais, além do sono”, refere um comunicado do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, instituição na qual Luísa Figueiredo é investigadora e coordenadora do laboratório de Biologia do Parasitismo.

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A doença do sono, que “ameaça dezenas de milhões de pessoas nos países da África Subsariana”, é transmitida pela picada da mosca tsé-tsé, infetada com o parasita “Trypanosoma brucei”.

Para Luísa Figueiredo, citada no comunicado, a doença “não é especificamente um distúrbio do sono”.

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O trabalho de investigação, que resulta de uma colaboração entre o laboratório da cientista portuguesa e o do investigador Joseph Takahashi, da Universidade de Southwestern, nos Estados Unidos, revela que o relógio biológico dos ratinhos infetados “avança mais rapidamente, o que leva a uma inversão dos ciclos do sono e a uma anormalidade hormonal e na temperatura corporal, semelhante ao que se observa em doentes com a doença do sono”.

Face aos resultados obtidos na experiência, será necessário saber em diante, de acordo com Luísa Figueiredo, o que altera o ritmo do relógio biológico na doença do sono.

“Será uma secreção do parasita ou uma molécula produzida pelo hospedeiro em resposta à infeção? Conhecer a fonte irá ajudar-nos a ter um melhor entendimento da doença e potencialmente bloquear os efeitos”, afirmou, citada pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes.

Para a equipa científica, a possível descoberta dos genes do relógio biológico afetados pela doença do sono poderá ajudar a desenvolver novos tratamentos, alternativos aos atuais, à base de um composto de arsénico, que são tóxicos e, por vezes, fatais para os doentes.

A investigação agora publicada segue um outro estudo, divulgado em março de 2017, em que a dupla Luísa Figueiredo e Joseph Takahashi mostrou que o parasita da doença do sono tem um relógio biológico, sendo mais vulnerável à medicação durante a tarde.

Após entrar no corpo, o parasita “Trypanosoma brucei” causa sintomas como ciclos de sono invertidos, febre, fraqueza muscular e comichão. O parasita pode atacar o sistema nervoso central e, dependendo dos seus subtipos, “matar o seu hospedeiro em poucos meses ou vários anos”, refere a nota do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes.

No novo estudo, os cientistas concluíram que os sintomas da doença podem aparecer logo após a infeção, “mesmo antes de os parasitas se acumularem em grande número no cérebro”.

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