O diretor do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) considera que uma carreira de nadador-salvador estruturada poderá contribuir para a solidificação do sistema de assistência aquática e reduzir a falta de profissionais provocada pela sazonalidade.
Numa resposta escrita enviada a questões da Lusa, Jorge Lourenço Gorricha observou que a criação de uma carreira profissional de nadadores-salvadores seria uma das medidas “estruturais e funcionais” com impacto na atividade.
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Além de contribuir para uma redução nos fatores de incerteza das contratações, indicou, poderia “propiciar maiores índices de estabilidade quanto aos recursos especializados, que são a base de todo o sistema de salvamento, socorro e assistência”.
“A forma como se poderá encarar uma eventual carreira, no sentido de uma progressiva profissionalização mais estruturada, será um desses fatores, que pode contribuir para uma solidificação do sistema de assistência aquática”, salientou.
Por a atividade ter um caráter sazonal na maioria do território, o diretor do ISN assumiu ser complexa a questão da falta de nadadores-salvadores, todos os anos, aquando do início da época balnear, apesar de estarem atualmente certificados 4.380.
O número de praias identificadas para uso balnear, a duração da época balnear definida localmente e a existência de espaços que requeiram a existência de nadadores-salvadores são alguns dos fatores a ter em conta para analisar o problema.
“Regra geral, a atividade de nadador-salvador é sazonal. Esta realidade impõe desafios a todas as entidades com interesse ou responsabilidade nas respetivas áreas. O ISN, na respetiva componente e na sua área de competências técnicas, tem vindo a desenvolver um esforço significativo de forma a garantir que a certificação não constitui um obstáculo à entrada de novos nadadores-salvadores no mercado de trabalho”, frisou Lourenço Gorricha.
Desde janeiro deste ano já foram certificados 840 nadadores-salvadores e até ao dia 30 de junho o responsável conta ser possível realizar ainda um total de 23 exames de certificação e 10 de recertificação.
“Independentemente do número de nadadores-salvadores que estejam certificados, a questão da sua efetiva disponibilidade durante a época balnear é, como sempre, um dos fatores a tomar em consideração”, salientou.
Lourenço Gorricha admitiu também que o perfil atual do nadador-salvador – estudante universitário – é “uma consequência da sazonalidade da atividade”, limitativa da disponibilidade dos profissionais, até porque os exames coincidem com o arranque da época balnear.
Também a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) já defendeu a criação de uma carreira profissional e de uma tabela remuneratória para atrair mais nadadores-salvadores e ultrapassar a sua falta, sobretudo durante a época balnear.
Segundo a ANMP, tem-se verificado que os municípios “se deparam, recorrentemente, com constrangimentos no que respeita à contratação de nadadores-salvadores” em cada verão.
Desde 2018 que a responsabilidade na identificação da época balnear diz respeito aos municípios. Caso não haja definição pela autarquia, a época é de 01 de junho até 30 de setembro, de acordo com o previsto na lei.
O procedimento de definição da época balnear inicia-se com a apresentação de propostas da sua duração pelos municípios interessados à Agência Portuguesa do Ambiente, em função das condições climatéricas e das características geofísicas de cada zona ou local, das tendências de frequência dos banhistas e dos interesses sociais ou ambientais próprios da localização, segundo Lourenço Gorricha.
O responsável lembrou ainda ser da competência dos órgãos municipais “assegurar a assistência a banhistas em espaços balneares, garantindo a presença dos nadadores-salvadores e a existência dos materiais, equipamentos e sinalética, de acordo com a definição técnica das condições de segurança, socorro e assistência determinada pelos órgãos da Autoridade Marítima Nacional”.
A abertura da época balnear deste ano – feita de forma progressiva pelo território, como sempre, como habitualmente -, teve lugar no dia 01 de maio nos concelhos de Cascais e Oeiras, do distrito de Lisboa, e nos municípios de Porto Moniz e Porto Santo, no arquipélago da Madeira.
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