Incêndios: Defendidas condições de segurança nas aldeias para evitar novas tragédias

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 08-01-2018

O diretor de produção de uma empresa de pastas de eucalipto e gestão florestal defendeu hoje que é preciso criar condições de segurança dentro das aldeias para evitar tragédias decorrentes dos incêndios florestais como as que aconteceram em 2017.

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“É preciso criar zonas seguras dentro das povoações e planos de emergência para as populações rurais, de modo a que as pessoas saibam o que fazer em caso de fogo”, disse Henk Feith, da Altri Florestal, numa conferência em Loural, no concelho de Góis, distrito de Coimbra, promovido pelo município local.

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Na conferência “O que fazer agora, para evitar a tragédia de amanhã”, Henk Feith salientou que é necessário reduzir as cargas de combustível em zonas estratégicas e identificar áreas prioritárias de intervenção.

Dando como exemplo os eucaliptais da empresa, que gere 80 mil hectares em Portugal, o diretor de produção da Altri Florestal frisou que o ordenamento e a gestão daquelas áreas evitam “a progressão de outros incêndios, servindo, por vezes, de escudo protetor”.

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“Para termos capacidade de travar a progressão dos incêndios temos de tratar da carga combustível”, disse o responsável, salientando que os incêndios afetam apenas 0,5% da sua área florestal.

Segundo o professor Pedro Bingre do Amaral, do Instituto Politécnico de Coimbra, outro dos oradores na conferência, o problema dos fogos agravou-se com a “alteração das dinâmicas dos ecossistemas”.

“Largámos a pastorícia e a agricultura, que foram invadidos por vegetação arbustiva altamente inflamável”, referiu o académico, que apontou três soluções para se alterar a vegetação: criar zonas de pastagens, florestas com copado fechado onde entre pouca luz ou uma solução mista como os montados alentejanos.

Pedro Bingre do Amaral alerta que a carga combustível existente na floresta nacional provoca combustões, cujas temperaturas podem atingir os 1.000 graus centígrados, à semelhança do que aconteceu em junho, na Estrada Nacional 236-1, em Castanheira de Pera, na qual morreram quase 50 pessoas e onde foram encontradas jantes de automóveis derretidas.

Outro dos oradores, o arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos defendeu a utilização do fogo controlado dentro da floresta para evitar os grandes incêndios, que são fruto “da falência do mundo rural”.

Salientando que os fogos não se combatem com aviões, o conferencista acrescentou ainda que é necessário reinventar o mundo rural e trazer o pastoreio para o mundo rural através da inovação e não refazendo os métodos tradicionais.

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