Região
Dexter pode ser a solução que vai travar nova onda de calor em Portugal

Imagem: depositphotos.com
Foi nomeada de Dexter, a quarta tempestade tropical nomeada pelo Centro Nacional de Furacões (NHC) na atual época de furacões de 2025.
Depois de três sistemas de fraca intensidade, Dexter marca a continuidade de uma temporada atipicamente calma – até agora sem qualquer furacão registado, o que é invulgar para esta altura do ano.
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Ao contrário da tempestade Floris, que recentemente atingiu o Reino Unido e gerou alguma confusão, Dexter é um verdadeiro ciclone tropical, com origem em águas quentes e características meteorológicas típicas do verão. A tempestade Floris, por sua vez, tratou-se de uma depressão extratropical – comum no outono e inverno – que se revelou uma anomalia no contexto estival.
Apesar de Dexter não representar uma ameaça direta para Portugal, a sua formação poderá influenciar positivamente o estado do tempo no território nacional. Prevê-se que a tempestade empurre o anticiclone para leste, permitindo a entrada de ar mais fresco do Atlântico, o que poderá evitar uma nova onda de calor prevista para os dias 8, 9 e 10 de agosto, informa o Luso Meteo.
As previsões apontam para uma ligeira intensificação da tempestade nos próximos dias, seguida de uma possível interação com um cavado a norte. Este fenómeno poderá arrastar o sistema para nordeste, em direção às Ilhas Britânicas, entre os dias 10 e 12, já em fase de declínio, com possibilidade de chuva e vento, mas sem risco severo.
Outros cenários menos prováveis incluem uma trajetória mais a sul, com passagem pelo Golfo da Biscaia ou aproximação a Portugal, podendo trazer chuva residual ao território nacional depois do dia 10. No entanto, esta possibilidade é considerada baixa pelos especialistas.
Apesar de um início tímido, a época de furacões ainda vai a meio e poderá ganhar força nos meses críticos de agosto a outubro. O aquecimento anómalo das águas do Atlântico, aliado à fase neutra a negativa da ENSO (La Niña), tende a favorecer o desenvolvimento de ciclones tropicais, embora a atividade até ao momento esteja abaixo das expectativas.
Alguns modelos sugerem que as zonas de desenvolvimento principal poderão ter menos convecção do que o habitual, o que poderá limitar o número de tempestades intensas. Contudo, o Atlântico subtropical, particularmente relevante para os Açores, está com temperaturas superiores à média, o que aumenta o risco de formação de sistemas tropicais entre setembro e outubro na região.
Além disso, há maior probabilidade de que os ciclones se formem mais a norte e façam a famosa “curva” para nordeste, aumentando o risco de aproximação a Portugal, como sucedeu com o furacão Lorenzo (Açores, 2019) ou o Leslie (Portugal Continental, 2018). Este fenómeno está intimamente ligado ao aquecimento dos oceanos, um dos muitos efeitos das alterações climáticas globais.
A época de furacões prolonga-se até novembro, podendo, segundo alguns indicadores, estender-se até dezembro, dada a persistência de águas quentes no Atlântico. Até agora, a temporada está dentro da normalidade, mas tudo poderá mudar rapidamente nas próximas semanas.
Portugal, especialmente os Açores, deverá manter-se em vigilância, pois, embora a maior parte das tempestades se dissipe ou curve antes de chegar à Europa, a influência de sistemas tropicais no nosso clima é cada vez mais evidente e frequente.
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