Coimbra

Desavenças familiares causam insolvência de fábrica que calçou figuras como Jennifer Lopez

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 10-12-2019

Desavenças familiares entre proprietários e matéria-prima escassa estão alegadamente na origem do processo de insolvência da fábrica Helsar, revelou hoje o sindicato do calçado, sobre a empresa de São João da Madeira que calçou figuras como Jennifer Lopez.

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A justificação é de Fernanda Moreira, que, enquanto dirigente do Sindicato dos Operários da Indústria de Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, disse hoje à Lusa que “encomendas não faltam” nessa empresa do distrito de Aveiro e que as dificuldades que motivaram o encerramento da fábrica esta segunda-feira se deverão mais a “mau ambiente e má gestão”.

Sem trabalho ficam assim 55 funcionários que esta manhã estavam concentrados à porta da empresa, para evitar a saída de equipamento industrial e exigir esclarecimentos quanto à sua situação laboral, até porque, segundo Fernanda Moreira, “o advogado se recusou a dar-lhes a carta para o desemprego e diz que quem vai decidir o que vai acontece em seguida é o gestor judicial” a nomear pelo tribunal.

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A sindicalista garante, no entanto, que não é por falta de encomendas que se vê nesta situação a fabricante cujos sapatos já foram identificados em Shakira, Jessica Alba e Pippa Middleton.

“Ainda na sexta-feira, a empresa despachou uma encomenda de 60.000 euros. Mas, nos escritórios, já disseram que, mesmo que o cliente pague no imediato, o dinheiro fica logo retido no banco, tantas são as dívidas que a empresa lá tem”, afirma.

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Salários em atraso ainda não há, mas os trabalhadores já foram informados que no dia 15 de dezembro não receberão o subsídio de Natal e o mesmo se espera que aconteça relativamente ao salário de dezembro.

Integrando o roteiro de Turismo Industrial de São João da Madeira, a Helsar fabricava calçado feminino de gama alta e especializara-se também em sapatos de noiva, mas a produção verificava-se a título irregular “nos últimos tempos, com os operários a serem mandados para casa quando não havia trabalho suficiente” para os ocupar na firma.

“Sempre houve muitas desavenças familiares lá dentro e os sócios estavam sem interesse nenhum na empresa – tanto que, ultimamente, eram os clientes e os trabalhadores com mais responsabilidade que ficavam a acompanhar as encomendas”, realça Fernanda Moreira.

A sindicalista diz que as administradoras da Helsar se têm recusado a adiantar mais pormenores sobre o caso – “ainda se puseram a insultar os trabalhadores e a chamá-los de ingratos”, refere – e aguarda agora uma rápida intervenção do tribunal para que o administrador da insolvência possa melhorar a situação de “55 pessoas que ficam no desemprego sem necessidade, só porque os patrões não souberam tomar conta de um negócio que tinha tudo para estar bem”.

A Lusa tentou ouvir a administração da Helsar, mas tal não foi possível até ao momento.

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