Deficientes têm pouco acesso a museus por preconceito e falta de recursos

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 11-09-2017

O preconceito social e a falta de recursos adaptados são os principais impedimentos no acesso dos deficientes aos museus do país, de acordo com um estudo realizado pela investigadora Patrícia Roque Martins, que será lançado terça-feira, em Lisboa.

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machado de castro

Intitulado “Museus (In)Capacitantes. Deficiência, Acessibilidades e Inclusão em Museus de Arte”, o estudo é editado pela Caleidoscópio no quadro da Coleção Estudos de Museus, com coordenação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), e será apresentado às 18:30, no Museu Nacional do Azulejo.

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Contactada pela agência Lusa, a investigadora, que realizou o estudo no âmbito da tese de doutoramento pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Lisboa, indicou que a obra incidiu sobre a relação dos museus de artes plásticas e os públicos com necessidades especiais.

“Tentei perceber como seria possível melhorar esta relação, de forma a que exista uma maior aproximação com estes públicos, já que os museus são espaços fundamentais para criar oportunidades para a participação social das pessoas com deficiência”, sublinhou.

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Ao longo do seu trabalho, Patrícia Roque Martins descobriu que “essa aproximação não tem acontecido, não tanto por falta de interesse, mas sim por falta de oportunidades”.

“Os museus têm falta de visitas mediadas, falta de recursos adaptados, falta de pessoas que estejam sensibilizadas para esta área”, concluiu.

De acordo com a investigadora – que comparou as condições nalguns museus portugueses com museus de outros países, como Espanha, Reino Unido e Estados Unidos – outro grande entrave do acesso de deficientes aos museus do país é o preconceito na sociedade.

“Há uma certa atitude da sociedade em geral, um certo preconceito, que impede uma maior abertura do acesso de deficientes aos museus, locais especialmente focados na imagem e leitura”, lamentou, acrescentando, que face à deficiência, a sociedade coloca logo de parte a possibilidade das visitas.

Sustentando que os museus “têm um papel essencial no desenvolvimento da inclusão, devem garantir o acesso físico, informativo e educativo” às suas programações, através de boas práticas, e maior investimento nos serviços educativos em particular para o acesso a pessoas com deficiência.

No seu trabalho, Patrícia Roque Martins, apoiada por instituições da área, desenvolveu três estudos de caso, no Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Fundador e Coleção Moderna, com grupos de pessoas com deficiência intelectual, pessoas com deficiência visual, e pessoas da comunidade surda.

O objetivo era proporcionar uma experiência no museu, recolher comentários e, a partir deles, tentar perceber como se poderia melhorar a relação entre os museus e estes grupos.

Questionada sobre a situação dos museus do país nesta área, a autora indicou que “há muita falta de recursos, mas a situação também tem vindo a melhorar, nos últimos anos, nalguns casos”.

Destacou como museus de boas práticas, o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional do Azulejo, e a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, em Lisboa, o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, e o Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.

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