A Eslovénia está a enfrentar uma onda de críticas após a proposta de alteração à Lei de Proteção da Ordem Pública, que prevê multas entre 150 e 300 euros para quem perturbar a paz ao tocar instrumentos musicais em casa.
A medida, que pretende reforçar o combate ao ruído, tem sido contestada por famílias, especialistas e escolas de música, que alertam para o impacto negativo na aprendizagem artística dos mais jovens.
A família de Katja Valič sentiu o efeito da nova abordagem ainda antes da lei ser aprovada. A filha, que está a aprender a tocar piano, viu-se confrontada com a polícia à porta.
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“Os dois polícias explicaram à minha filha que isto é proibido a qualquer hora do dia, durante toda a semana. O piano nunca pode ser tocado se incomodar alguém”, relata a mãe.
Situação semelhante vive Dragica Kunaver, cujo filho toca violino. Para evitar conflitos, o jovem acabou por se refugiar na cave do prédio.
“O meu filho, muito triste, foi para a arrecadação, onde mal encontrou um canto para mexer o arco do violino em paz.”
Especialistas alertam que a medida pode desmotivar centenas de crianças que dependem do treino em casa para evoluir musicalmente. Simon Bučar, fundador da Bučar Music School, é uma das vozes mais críticas.
“Em vez de incentivar a prática de instrumentos, estas leis sufocam-na e promovem mais tempo de ecrã. Isso é que devia ser limitado, não tocar um instrumento.”
Organizações de defesa da infância sugerem que a lei inclua exceções para a prática de instrumentos durante o dia, por exemplo entre as 8:00 e as 21:00, e defendem a criação de mecanismos de mediação entre vizinhos antes de avançar para sanções.
Enquanto o debate cresce, pais, professores e músicos pedem ao governo esloveno que recupere o equilíbrio entre o direito ao descanso e o incentivo à educação artística — um tema que, segundo dizem, deve ser tratado “com mais sensibilidade do que decibéis”.
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