Opinião

Das coligações e outras palavras de entendimento dúbio

LÚCIA SANTOS | 11 anos atrás em 07-07-2013

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LÚCIA SANTOS

Como diz o Professor Adriano Moreira, “ as maiorias estão nas coligações e não no partido mais votado dentro delas”. É uma frase simples, de fácil compreensão. Há dois partidos, nenhum sozinho tem votos suficientes para governar, mas juntos obtém uma maioria. Naturalmente que a esta condição está inerente uma partilha de poder e de responsabilidade e uma obrigação de ceder em alguma coisa de ambos os lados.

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Esta noção parece ser de entendimento fácil, mas apesar da simplicidade do conceito, há quem dentro do PSD não o compreenda bem.

Felizmente não é o PSD no seu todo. Existe dentro deste quem consiga excelentes resultados com coligações. Veja-se o caso de Rui Rio no Porto, Fernando Seara em Sintra e, como maior exemplo de todos eles, Francisco Sá Carneiro, que dizia que no seu Conselho de Ministros não havia partidos, havia Ministros.

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Mas como todas as moedas têm duas faces, há quem no PSD entenda que uma coligação é ficar com os votos do parceiro, não dar nada em troca e governar sozinho. E ai do parceiro de coligação que se queixe, é logo uma “birra” ou uma “questão de egos”! Esta visão deturpada da realidade encontra um bom exemplo em Pedro Passos Coelho, que nos vem sempre dar prova disso quando, com ar surpreso, nos diz que não compreende Paulo Portas, pois “informou o parceiro de coligação”.

Refletindo sobre o assunto é fácil retirar uma conclusão. Para Pedro Passos Coelho as obrigações para com o parceiro passam apenas por “informar” e diz aquilo com uma cara de quem acha que já esta a fazer muito. Mas a culpa é do CDS – PP. Que desplante querer ser mais que informado! Um dia destes temos o CDS-PP a querer fazer parte das decisões! Era o que mais faltava…

Mas mesmo com todos estes problemas, a Cesar o que é de Cesar. Pedro Passos Coelho foi capaz de negociar um entendimento apesar de não o saber gerir. Paulo Portas ainda assim era o número três do executivo. Talvez o Primeiro-Ministro desconheça a lógica dos seus correligionários de Coimbra, para os quais o CDS-PP não pode passar do quinto lugar, é algo que está escrito na pedra. Poderiam pensar alguns leitores mais atentos: mas não há critério numérico, método de comparação de votos ou qualquer outro argumento para que seja apenas o quinto lugar? Que disparate, desde quando a lógica interessa para estas coisas? Só não se pode falar de “birras” ou de “questões de egos” porque é o PSD e esses termos, no dicionário laranja, só se aplicam ao CDS-PP.

LÚCIA SANTOS

Presidente da Juventude Popular de Coimbra

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