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Dançarina portuguesa de origem angolana põe russos e japoneses a dançar kuduro (com vídeo)

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 13-02-2021

As aulas de kuduro e afro house da dançarina portuguesa de origem angolana Selma Mylene são agora online, uma distância que não afasta os fãs que a seguem por todo o mundo para conseguirem um corpo “ligado à corrente”.

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Selma Mylene, 26 anos, recentemente reconhecida como uma das 100 jovens mais influentes da lusofonia pela Academia Neoafricana, já ensinou milhares de alunos, primeiro num estúdio em Portugal e agora online, a partir da Suíça, onde se encontra a estudar.

A pandemia de covid-19 assim o exigiu, mas este método de ensino à distância não é uma novidade para a bailarina que tem sido contactada por pessoas que vivem em vários países e que, após conhecerem a sua forma de dançar, solicitam-lhe aulas online.

“Em março fui ao Chile e fiquei surpreendida ao ver 50 alunos numa sala que sabiam muito de afro house e de kuduro e que estavam verdadeiramente empenhados em aprender este estilo de dança”, contou à agência Lusa.

A marca da sua dança, que Selma define como “muito livre, de movimentos soltos, com energia e movimentos da cabeça aos pés”, tem corrido mundo e chegou ao Japão.

“Fiz uma formação para uma turma de japoneses e achei extraordinária a sua dedicação. E em breve vou participar num ‘workshop’ para participantes na Rússia”, disse.

A dançarina acredita que o kuduro e o afro house vieram para ficar e já não são apenas uma moda.

“As pessoas ficam curiosas com todo o movimento e liberdade desta dança e querem aprender e, principalmente, sentir”, afirmou, referindo que a parte do corpo que mais adora e que está sempre em movimento é a cintura.

O número de alunos e seguidores e a nomeação da Academia Neoafricana são vistos por Selma como o reconhecimento de um percurso que começou há uma década, quando ainda a viver no Algarve dançava em discotecas, onde começou a dar nas vistas.

Mas foi ainda na escola que teve o primeiro contacto com o hip-hop, estilo musical em que logo se destacou, inspirada nas músicas de Chris Brown, o rapper, compositor e dançarino.

O salto para o afro house e o kuduro foi natural, tendo em conta as raízes angolanas da família. E é à música que deve muito do que aprendeu sobre Angola, país que visitou em 2018 e 2019 e onde teve o “prazer de dançar”.

Logo no início da sua carreira, o Algarve ficou pequeno para a dança de Selma que começou a receber vários convites para eventos em Lisboa, cidade para onde acabou por se mudar assim que terminou os estudos.

Contou com a ajuda do cantor MC Gasolina e, mais tarde, o apoio da cantora Blaya, dos Buraka Som Sistema, grupo que filmou um videoclipe em que Selma participou (“Vuvuzela”).

Esta e outras participações no meio musical português abriram fronteiras e Selma passou a ser abordada por curiosos em todo o mundo, o que a levou a dar aulas online, ainda a pandemia a isso não tinha obrigado.

“Tenho muitos alunos estrangeiros, pessoas que vão a Portugal passar férias, observam o estilo e querem aprender. O estilo desperta muita curiosidade, o que é muito positivo”, disse.

Por outro lado, adiantou, muitos cantores angolanos vêm a Portugal gravar os seus videoclipes e procuram os dançarinos de quem já têm referências.

Quando dava aulas num estúdio em Portugal, Selma contava essencialmente com alunas: “Não sei a razão, mas talvez o meu estilo de adapte mais à mulher. A minha dança é alegria, amor, alma”.

Ingredientes que tenta transmitir, mesmo através de um computador, começando por contar um pouco da história do afro house e do kuduro, embora não insista muito na teoria, pois a dançarina sabe que o que os alunos procuram é aprender os “toques”.

Os trabalhos de casa passam pelo treino do footwork, um estilo de música de dança eletrónica, com a ajuda de ‘links’ de internet que Selma encaminha aos alunos.

“É incrível a dedicação de quem quer aprender esta dança. Os meus alunos são super dedicados e mesmo fora das aulas enviam-se vídeos, querem saber a minha opinião sobre alguns passos, fica uma ligação para sempre”, disse.

Selma Mylene vive atualmente apenas da dança. Como não pode participar em espetáculos e gravações, devido à covid-19, investe mais nas aulas. Mas tem saudades dos palcos e das ruas cheias de pessoas, espantadas com a sua energia.

“Tenho de ser estratégica, é preciso chegar às pessoas, mostrar-lhes que elas conseguem, estejam onde estiverem”, afirmou.

E conclui: “A dança é a minha paixão, o meu trabalho, o que sempre sonhei fazer”.

 

 

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