Economia

Crescimento do PIB em cadeia deve-se a aumento das exportações superior às importações segundo a Universidade Católica

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 30-11-2021

O crescimento de 2,9% do PIB em cadeia no 3.º trimestre deveu-se sobretudo ao aumento das exportações acima das importações, algo potencialmente atribuível à dificuldade de adquirir bens de outras regiões, segundo a Universidade Católica.

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“O crescimento do PIB de 2,9% em cadeia resultou, fundamentalmente, do contributo da procura externa líquida em 1,8 pontos percentuais [pp]. Tal decorreu de um crescimento das exportações (9,6%) acima das importações (4,4%)”, pode ler-se numa leitura rápida do Núcleo de Estudos da Universidade Católica (NECEP Forecasting Lab) enviada à Lusa.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,2% no terceiro trimestre em termos homólogos e subiu 2,9% em cadeia, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas Contas Nacionais Trimestrais hoje divulgadas.

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Segundo o NECEP, o crescimento das exportações acima das importações, nos dados em cadeia (face ao trimestre anterior), configura “um resultado algo surpreendente”.

Esse resultado pode decorrer “não tanto da dinâmica fraca das vendas ao exterior na sequência da estagnação da produção industrial e da recuperação parcial da fileira do turismo, mas sobretudo dos impedimentos e dificuldades em adquirir bens provenientes de outras regiões, nomeadamente, do continente asiático num contexto de aumento pronunciado dos fretes marítimos”.

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Assim, segundo o NECEP, “estas perturbações a par das pressões sobre os preços, nomeadamente de bens energéticos, consubstanciam-se em deflatores elevados, sobretudo no caso das importações (4,7% em cadeia e 10,6% em termos homólogos)”.

“Paralelamente, o consumo privado contribuiu em 1,3 pp para o crescimento em cadeia do PIB, bem menos face aos anteriores 4,7 pp, no referido contexto de estrangulamento das compras ao exterior e de declínio da confiança dos consumidores. Aliás, o consumo de bens duradouros sofreu uma quebra de 6,2% em cadeia”, assinala também o núcleo da Universidade Católica.

Os economistas da instituição universitária também assinalam que os dados divulgados hoje pelo INE “confirmam o mau momento do investimento, com uma queda de 1,8% após -0,5% no trimestre anterior”.

“O contributo para o crescimento do PIB foi de -0,3 pp decorrente de quedas pronunciadas nas componentes de máquinas/equipamentos e construção. É ainda de assinalar o recuo das existências em 0,1 pp do PIB, no referido contexto de dificuldades de transporte e aprovisionamento”, sustenta o documento.

O NECEP considera que os números hoje validados “confirmam uma recuperação hesitante, em particular, da procura interna que cresceu apenas 1,0% em cadeia”.

“Para além do abrandamento da recuperação do consumo privado que ainda não atingiu o nível anterior à pandemia, o investimento manteve uma trajetória muito preocupante agora que a atividade da construção enfrenta diversas dificuldades, nomeadamente, relacionadas com o abastecimento de materiais a custo favorável”, refere o NECEP.

Portugal permanece “num patamar inferior ao observado antes da pandemia, próximo dos 97% do PIB do 4.º trimestre de 2019”.

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